Presídio de Serra Azul, inaugurado há cinco meses, já tem 1.200 presos onde cabem 768 e cadeias da região continuam cheias

Em junho, secretário prometeu que unidade iria desafogar 5 cadeias da região; esperança agora é reativar CDP de Ribeirão

ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO

Cinco meses depois da inauguração do CDP de Serra Azul, quatro das cinco cadeias citadas na época pelo secretário da Administração Penitenciária, Antônio Ferreira Pinto, como prioridades para serem desativadas continuam em atividade. Mais: pelo menos três delas estão superlotadas, assim como o novo CDP.
As cadeias de Pitangueiras, Monte Azul, Bebedouro e Santa Rosa de Viterbo, juntas, têm cerca de cem presos. A unidade de Orlândia foi a única que parou de receber novos detentos -dois homens presos anteontem aguardam a transferência marcada para quinta.
"Eles [presos] só vêm para cá [Orlândia] quando são detidos por questões administrativas e crimes leves, como falta de pagamento por pensão alimentícia", disse um carcereiro.
Em julho, uma semana depois da inauguração em Serra Azul, a Folha constatou que cerca de 560 homens ocupavam as cinco cadeias. À época, Ferreira Pinto disse que parte das vagas em Serra Azul seria deles e o restante iria atender outras demandas.
Em Bebedouro, onde cabem 28 homens, ontem havia 37, todos presos de Viradouro. Segundo carcereiros, parte foi transferida para Serra Azul. Em Santa Rosa de Viterbo, onde apenas duas celas estão liberadas pela Vigilância Sanitária, segundo funcionários, 14 presos dividem o espaço de 12. Lá, alguns presos também foram levados ao novo CDP.
Em Pitangueiras, há 39 presos em 24 vagas, a maioria de Sertãozinho, que não foi autorizada a enviar presos a Serra Azul. Enquanto isso, o CDP de Serra Azul, que tem capacidade para 768 presos, já tem quase 1.200, segundo a Folha apurou junto a carcereiros.

CDP de Ribeirão
"O que se fala é que cerca de 400 presos de Ribeirão esperam lá a reativação do CDP de Ribeirão. Enquanto isso, mais gente vai indo para lá", disse um funcionário de Bebedouro.
O Estado, por meio da assessoria de imprensa da SAP (Secretaria da Administração Penitenciária), não confirma a superlotação de Serra Azul.
A reativação do CDP de Ribeirão Preto, que poderia resolver o problema, ainda depende de documentos. A reforma foi concluída em 16 de outubro, segundo o site da SAP, mas não há data para a reinauguração -o presídio foi desativado depois da rebelião de abril.
Para a Defensoria Pública em Ribeirão, que acompanha as condições de abrigo dos presos, o processo de desativação das cadeias é lento demais.
"Eles precisam mostrar mais vontade política. Se a têm, precisam dar essa satisfação à população, que nunca fica sabendo de nada", disse o coordenador da Defensoria, Victor Hugo Albernaz.
De acordo com o defensor, o órgão deve cobrar explicações do Estado do motivo pelo qual presos ainda não começaram a ser transferidos para o CDP de Ribeirão. "O que não pode é ter gente passando aperto em outras unidades e um CDP fechado não se sabe porquê", disse.
A Folha questionou o Estado quanto ao não-cumprimento das promessas de desativação das cadeias e sobre o motivo de o CDP de Ribeirão ainda não ter sido reativado. Mesmo após seis telefonemas e três e-mails, a assessoria de imprensa da SAP não se manifestou.


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