Ribeirão Preto, Quinta-feira, 03 de Junho de 2010

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Por dia, Ribeirão produz mais cem toneladas de lixo

Em dois anos, a geração de resíduos cresceu 21%, chegando a 569,3 t/dia

Acréscimo no poder aquisitivo da população é um dos fatores do aumento da produção de lixo, diz especialista


Silva Junior/Folhapress
Lixo acumulado na esquina do Theatro Pedro 2º, em Ribeirão; em média, cada cidadão produz 1 kg de resíduos por dia

JEAN DE SOUZA
DE RIBEIRÃO PRETO

Ribeirão Preto gerou 569,3 toneladas de lixo por dia ao longo de 2009, volume 21% superior às 471 toneladas diárias depositadas nas lixeiras da cidade em 2007.
Nesse intervalo, a quantidade de resíduos produzida por morador de Ribeirão passou de 860 gramas para 1,01 quilo ao dia.
Os dados são do Panorama de Resíduos Sólidos, elaborado pela Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), e se referem ao lixo de casas, lojas e indústrias de pequeno porte.
Em 2009, Ribeirão superou cidades com população equivalente. Em Sorocaba, por exemplo, cada um dos 581 mil habitantes jogou no lixo 909 gramas por dia.
Crescimento da população e, principalmente, desenvolvimento econômico são os fatores que provocaram produção maior de resíduos, segundo especialistas.
"Lixo é medidor de consumo", diz o diretor do Instituto de Pesquisas Sociais da ACI-RP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão), Antonio Vicente Golfeto.
Com o aumento do poder aquisitivo da população, cresce a aquisição de bens de consumo industrializados, que utilizam mais embalagens descartáveis. A maior parte delas terá os aterros como destino.
Esse círculo, que, sob o ponto de vista econômico, é virtuoso, é preocupante para o meio ambiente, segundo o diretor-executivo da Abrelpe, Carlos Silva Filho.
"Não temos gestão adequada de resíduos no Brasil. Temos problemas com coleta seletiva, reciclagem e destinação", diz Silva Filho.
A realidade nacional se aplica a Ribeirão Preto: conforme a Folha revelou em janeiro, 65% do lixo reciclável coletado na cidade vai para um aterro comum por falta de tratamento.
Para Silva Filho, no entanto, não é só do poder público a responsabilidade de diminuir a geração de resíduos e evitar o que ele classifica como "colapso" na Terra causado pelo lixo.
"Precisamos da conscientização dos consumidores, precisamos mudar o processo produtivo para que as mercadorias colocadas no mercado gerem menos resíduos", diz o executivo.
Para o diretor técnico do Daerp (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto), Joaquim Ignácio, Ribeirão está preparada para receber a quantidade crescente de lixo produzido.
O Daerp, diz ele, promove programas de educação nas escolas para ensinar as crianças, entre outras coisas, a reciclar lixo.


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