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ABANDONO
Construções paralisadas na região central de Ribeirão Preto se transformaram em abrigos para famílias
Sem-teto ocupam prédios abandonados
free-lance para a Folha
Os prédios abandonados de Ribeirão Preto estão sendo ocupados
por sem-teto que invadem a construção e transformam os apartamentos, geralmente os que ficam
no 1º andar, em abrigo.
Um dos prédios da Encol, que fica na rua Amador Bueno, próximo
à Câmara, está sendo ocupado há
mais de um ano pelo jardineiro
Marcos Aurélio Rodrigues, 28, que
transformou um apartamento do
primeiro andar em sua casa.
Rodrigues, que veio de Diquié
(BA), afirmou que prefere morar
no prédio abandonado do que em
favelas na periferia da cidade.
"Sou uma das poucas pessoas
pobres da cidade que tem o privilégio de morar no centro sem ter que
pagar aluguel. Além disso, tenho
um prédio inteiro só para mim."
Atualmente, o jardineiro está
morando sozinho no prédio, que
tem oito andares, mas garante que
há três meses havia várias famílias
vivendo no local.
"Os apartamentos do primeiro
ao quinto andar estavam lotados.
A polícia veio aqui e colocou todo
mundo para fora, mas depois eu
voltei", disse Rodrigues.
De acordo com o jardineiro,
sempre que acontece um roubo na
região do centro, a Polícia Militar
passa no local para fazer uma revista. "Sirvo de guia para que os
policiais possam subir. À noite, é
muito escuro lá dentro."
A 500 metros do prédio onde o
jardineiro mora, na rua Campos
Salles, há outros dois prédios
abandonados da Encol, que também foram ocupados sem-teto.
Em um prédio de dez andares
moram duas famílias, sendo um
casal no primeiro andar e outro casal e uma criança no quarto andar.
"Não é bom morar aqui, mas é
melhor do que morar em banco de
praça", afirmou Elaine Cristina
Modernês, 23, que mora no primeiro andar há quatro meses.
De acordo com Elaine, a maior
dificuldade que enfrenta no prédio
é a falta de energia elétrica.
"Quando vou pedir comida nas
casas, aproveito e peço também
uma vela para usar à noite. Tenho
medo do escuro", disse ela.
O setor de comunicação social da
Polícia Militar informou que só
pode retirar os sem-teto dos prédios a partir de um pedido feito pela empresa. Segundo a PM, até
agora não foi feito comunicado.
O secretário de Obras de Ribeirão Preto, Marcos Augusto Spínola, afirmou que a prefeitura está removendo equipamentos das construção abandonadas da Encol.
Todos os escritórios da empresa
foram fechados em Ribeirão Preto,
São Paulo e Brasília.
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