Ribeirão Preto, Quinta, 5 de novembro de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice SAÚDE Ministério Público de Ribeirão pede ressarcimento de pacientes que usaram remédio falsificado na cidade Ação civil beneficia 'vítima' do Androcur
LUCIANA CAVALINI da Reportagem Local O Ministério Público de Ribeirão Preto entrou ontem com uma ação civil pública contra autoridades de saúde pedindo indenização por danos morais e materiais para pacientes que usaram o lote 351 do Androcur, remédio da Schering do Brasil contra o câncer de próstata. O lote era falsificado e foi distribuído no Hospital das Clínicas e no Ambulatório Regional de Especialidades da Secretaria Municipal da Saúde, na rua Minas. O promotor de Justiça de Defesa do Consumidor e da Cidadania Carlos Cezar Barbosa pede a responsabilização da Secretaria de Estado da Saúde, Secretaria Municipal da Saúde, Hospital das Clínicas e Faepa (Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Assistência do Hospital das Clínicas). De acordo com Barbosa, cerca de cem pessoas ingeriram o Androcur falso em Ribeirão Preto e quatro pacientes podem ter morrido devido à evolução da doença, já que o remédio não fazia efeito. A ação por danos morais prevê uma indenização de pelo menos R$ 50 mil por paciente. Se a ação for considerada procedente pela Justiça, qualquer pessoa que provar ter feito uso do medicamento poderá receber a indenização. O promotor também pede indenização por danos materiais em caso de o estado de saúde do paciente ter piorado e ele ter gastado com hospitais e tratamento. Segundo o promotor, como o causador do dano é o poder público, não é necessário provar a culpa dos órgãos citados. "Segundo a Constituição, basta ficar provado que houve o dano e que a distribuição foi feita por órgãos públicos para garantir a indenização aos pacientes." O Hospital das Clínicas comprou o medicamento da Ação Distribuidora, de Belo Horizonte (MG), e repassou para o Ambulatório Regional de Especialidades. Após a denúncia de falsificação do lote, em março, o medicamento foi interditado e recolhido. A Secretaria de Estado da Saúde informou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que só vai se manifestar sobre a ação civil pública quando receber o comunicado oficial da Justiça. O HC e a Secretaria da Saúde de Ribeirão não se manifestaram sobre o assunto ontem. À parte a atitude da Promotoria, a família do aposentado Geraldo Ferreira pretende entrar com uma ação isolada contra o Estado e também contra a Schering. "Acho que a ação do promotor é muito importante porque abre caminho para as famílias prejudicadas", afirma Carla Brochetto Ferreira, nora de Geraldo Ferreira. A Folha não conseguiu contato com a Schering ontem. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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