Ribeirão Preto, Quinta, 5 de novembro de 1998

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CARNAVAL
Elas não aceitam dividir verba com agremiação que conseguiu, na Justiça, permanecer no Grupo Especial
Escolas do Rio ameaçam boicotar desfile

FERNANDA DA ESCÓSSIA
RONI LIMA
da Sucursal do Rio

As principais escolas de samba do Rio, integrantes do Grupo Especial, ameaçam não fazer o desfile de Carnaval do ano que vem por causa de desentendimentos financeiros com a Riotur (Empresa de Turismo do Município do Rio).
As escolas afirmam que até agora não receberam da Riotur o adiantamento de R$ 3 milhões utilizado para compra de material e início da montagem dos carros alegóricos. O adiantamento é depois pago à Riotur pelas escolas com o dinheiro da venda dos ingressos do desfile.
"Esse dinheiro era esperado para julho, como em 97. Sem isso, não temos como trabalhar. Os patrocinadores não aparecem, não assinamos contrato com a TV, nada anda", afirmou Luis Fernando Ribeiro, diretor da Beija-Flor.
Outro problema: as 14 escolas do Grupo Especial não aceitam a divisão do dinheiro em 15 partes iguais, com uma 15ª parte destinada à escola Unidos da Ponte. A Ponte foi rebaixada, recorreu à Justiça para desfilar no Grupo Especial e ganhou.
As escolas seguem outro critério, definido no estatuto da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba): o dinheiro é dividido proporcionalmente à colocação obtida no desfile do ano anterior.
"Não é possível que a Ponte receba o mesmo que a Mangueira. Nunca foi assim", reclamou o presidente da Mangueira, Elmo José dos Santos. Ele disse que defenderá na reunião da Liesa a suspensão do desfile de Carnaval. A Beija-Flor e a Mangueira dividiram o título do ano passado.
As 14 escolas do Grupo Especial enviaram um documento à Riotur dando um prazo até hoje para que a questão do dinheiro seja resolvida. Representantes de oito escolas confirmaram que, caso a Riotur não libere o dinheiro de acordo com a divisão proporcional, defenderão a suspensão do desfile.
A Riotur afirmou que o adiantamento está à disposição da Liesa há mais de uma semana.
Dos R$ 3 milhões que seriam adiantados para as escolas, a Riotur afirma que liberou R$ 2,8 milhões. Os outros R$ 200 mil -a parte da Unidos da Ponte- foram depositados na Justiça, que deverá decidir como serão repartidos.
Segundo a assessora de imprensa da Riotur, Cristina do Rego Monteiro, a empresa municipal só decidiu depositar R$ 200 mil na Justiça porque a Liesa não entrou em acordo com a Unidos da Ponte. Por força da decisão judicial, a Riotur teria que também antecipar parte da verba para a escola.
Sobre a ameaça das 14 escolas de não desfilar, ela respondeu: "A Riotur não trabalha com hipótese. A Riotur está trabalhando normalmente para a realização do Carnaval de 99".



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