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CARNAVAL
Elas não aceitam dividir verba com agremiação que conseguiu, na Justiça, permanecer no Grupo Especial
Escolas do Rio ameaçam boicotar desfile
FERNANDA DA ESCÓSSIA
RONI LIMA
da Sucursal do Rio
As principais escolas de samba
do Rio, integrantes do Grupo Especial, ameaçam não fazer o desfile de Carnaval do ano que vem por
causa de desentendimentos financeiros com a Riotur (Empresa de
Turismo do Município do Rio).
As escolas afirmam que até agora não receberam da Riotur o
adiantamento de R$ 3 milhões utilizado para compra de material e
início da montagem dos carros
alegóricos. O adiantamento é depois pago à Riotur pelas escolas
com o dinheiro da venda dos ingressos do desfile.
"Esse dinheiro era esperado para julho, como em 97. Sem isso,
não temos como trabalhar. Os patrocinadores não aparecem, não
assinamos contrato com a TV, nada anda", afirmou Luis Fernando
Ribeiro, diretor da Beija-Flor.
Outro problema: as 14 escolas do
Grupo Especial não aceitam a divisão do dinheiro em 15 partes
iguais, com uma 15ª parte destinada à escola Unidos da Ponte. A
Ponte foi rebaixada, recorreu à
Justiça para desfilar no Grupo Especial e ganhou.
As escolas seguem outro critério, definido no estatuto da Liesa
(Liga Independente das Escolas de
Samba): o dinheiro é dividido proporcionalmente à colocação obtida no desfile do ano anterior.
"Não é possível que a Ponte receba o mesmo que a Mangueira.
Nunca foi assim", reclamou o
presidente da Mangueira, Elmo
José dos Santos. Ele disse que defenderá na reunião da Liesa a suspensão do desfile de Carnaval. A
Beija-Flor e a Mangueira dividiram o título do ano passado.
As 14 escolas do Grupo Especial
enviaram um documento à Riotur
dando um prazo até hoje para que
a questão do dinheiro seja resolvida. Representantes de oito escolas
confirmaram que, caso a Riotur
não libere o dinheiro de acordo
com a divisão proporcional, defenderão a suspensão do desfile.
A Riotur afirmou que o adiantamento está à disposição da Liesa
há mais de uma semana.
Dos R$ 3 milhões que seriam
adiantados para as escolas, a Riotur afirma que liberou R$ 2,8 milhões. Os outros R$ 200 mil -a
parte da Unidos da Ponte- foram
depositados na Justiça, que deverá
decidir como serão repartidos.
Segundo a assessora de imprensa da Riotur, Cristina do Rego
Monteiro, a empresa municipal só
decidiu depositar R$ 200 mil na
Justiça porque a Liesa não entrou
em acordo com a Unidos da Ponte. Por força da decisão judicial, a
Riotur teria que também antecipar
parte da verba para a escola.
Sobre a ameaça das 14 escolas de
não desfilar, ela respondeu: "A
Riotur não trabalha com hipótese.
A Riotur está trabalhando normalmente para a realização do
Carnaval de 99".
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