Ribeirão Preto, Quinta-feira, 06 de Janeiro de 2011

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Forma de pagamento é o grande entrave, diz socióloga

DE RIBEIRÃO PRETO

A forma de pagamento efetuada pelos empregadores aos cortadores de cana ainda é o principal problema para a categoria, na avaliação da socióloga da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araraquara, Maria Aparecida de Moraes Silva.
De acordo com ela, o processo de degradação da saúde do trabalhador rural tem aumentado, principalmente pelo fato da exigência de produtividade ter crescido.
"A situação tem piorado muito. Enquanto os empregadores continuarem a pagar por produtividade, mais a saúde desses trabalhadores será prejudicada."
Em média, os trabalhadores cortam entre 10 e 12 toneladas por dia e recebem de R$ 2,50 a R$ 3 para cada tonelada colhida. "Eles se esforçam demais para cortar bastante. O mais indicado é acabar com esse pagamento por produção e estabelecer um salário de acordo com dispêndio de energia e de força do trabalhador."
O padre Antônio Peres, da Pastoral do Migrante de Guariba, disse acreditar que a forma de pagamento é um dos principais causadores dos problemas de saúde enfrentados pelos cortadores. "Temos casos de trabalhadores que cortaram num único dia cerca de 20 toneladas de cana. É um esforço além do que qualquer corpo pode aguentar por muito tempo."
O problema, segundo ele, "é que o setor sucroalcooleiro prefere a desordem da casa. "Eles miram muito mais na lucratividade e no mercado do que nas pessoas que prestam o serviço a eles."
A socióloga disse que está fazendo um estudo com pessoas que trabalharam nos canaviais por 20 anos e que a saúde desses cortadores de cana está muito prejudicada.
"Reclamam de dores na coluna, nas mãos, nos pés e nos joelhos. Até problemas na fala foram constatados, por passarem muitas horas curvados e as cordas vocais terem encurtado."


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