Ribeirão Preto, Sexta-feira, 07 de Janeiro de 2011

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Cresce número de favelados em Ribeirão

Aumento de 77% na quantidade de barracos na cidade ocorre apesar de a prefeitura dizer que prioriza o setor

Total de favelados no município também teve crescimento: de 18 mil pessoas, em 2007, para 25,7 mil no ano passado

Silva Júnior/Folhapress
Barracos derrubados pela prefeitura na favela Adamantina; apesar da ação, o número de favelados aumentou

HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO

Mesmo com os programas de "congelamento" e de desfavelamento, novas áreas públicas e particulares foram invadidas e mais moradores se instalaram irregularmente nos núcleos que já existiam em Ribeirão Preto.
O desfavelamento é uma das prioridades do governo e uma das "bandeiras" da prefeita Dárcy Vera (DEM).
O problema existe mesmo Ribeirão sendo um dos municípios mais ricos do país e o décimo do Estado, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Apesar de priorizar a área, a administração municipal viu a quantidade de famílias em favelas crescer 77% nos últimos três anos. Segundo levantamento da Secretaria da Assistência Social, em 2007 foram cadastradas 3.109 famílias em 34 favelas contra 5.506 em 43 moradias no ano passado.
A população nas áreas públicas e particulares também cresceu: de 18 mil moradores para 25,7 mil, no mesmo período -43% a mais.
A Folha esteve em duas áreas "congeladas" -na favela da Via Norte e na avenida das Andradas- e constatou a construção de cerca de dez novos barracos e casas de alvenaria, ocorrida nos últimos seis meses.
Segundo o juiz da 2ª Vara da Fazenda de Ribeirão Preto, João Gandini, coordenador do programa Moradia Legal, o crescimento mostra que pode haver uma falha na fiscalização nessas áreas.
"Depois que as famílias se instalam, somente uma ação judicial para retirá-las do local. Por isso é tão importante evitar que elas se fixem num terreno irregular", afirmou.

NOVOS MORADORES
A aposentada Maria Anunciada, 68, veio de Maceió há quatro meses e se instalou num barraco ao lado da casa do filho, na Via Norte.
"Queria tentar me cadastrar [no Moradia Legal] para conseguir uma casa de verdade. Foi por isso vim para cá e meu filho ergueu esse barraco para mim. Espero que dê certo, mas vou aguardar."
Já dona de casa Maximilian Norberto, 17, saiu de Delta (MG) em junho do ano passado porque o marido estava desempregado. O casal e um filho de um ano e nove meses moram num barraco -um imóvel de apenas um cômodo erguido com tábuas.
"Se vierem nos tirar daqui não sei o que fazer. Não posso deixar meu filho na rua", disse a jovem, grávida de dois meses.


Próximo Texto: Memória: Programa tenta urbanizar áreas do município
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.