Ribeirão Preto, Sábado, 08 de Outubro de 2011

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Uso de crack com outra droga cresce 504%

Caps-AD de Ribeirão recebeu 163 novos usuários de substâncias combinadas no ano passado, ante 27 em 1996

Associação do crack com o álcool, por exemplo, pode ser ainda mais danosa, diz especialista da Unifesp

JULIANA COISSI

DE RIBEIRÃO PRETO

Depois de passar 20 anos viciado em "rebite" (metanfetamina), o ex-caminhoneiro Sebastião (nome fictício), 53, conheceu o crack por meio de um companheiro de bar. Passou a beber ainda mais. Hoje faz terapia para se livrar da dependência do crack e também do álcool.
Casos como o de Sebastião mostram que o número de usuários de crack que também utilizam álcool e outras drogas atendidos no Caps-AD de Ribeirão Preto cresceu cinco vezes mais desde que o centro foi criado, em 1996.
Naquele ano, 27 pessoas que misturavam o crack com álcool ou outros entorpecentes buscaram o centro. Em 2010, foram 163 usuários de vícios combinados.
O fenômeno não é local. O uso de crack com álcool ou outras drogas começou a crescer há oito anos na capital e no Rio de Janeiro.
E a combinação pode tornar o efeito ainda mais devastador do que o crack sozinho, de acordo com a docente da Unifesp Solange Aparecida Nappo.

CRACK
Apesar da fama do crack ser uma droga devastadora, o álcool ainda é a principal razão de as pessoas procurarem o Caps-AD, segundo a coordenadora Gisela Oliveira Marchini.
A ordem das substâncias nem sempre é a mesma. É comum usuários de outras drogas, como o álcool, conhecerem depois o crack.
"Como o efeito do crack é rápido, quando associado com outra droga, ele se prolonga mais", diz a terapeuta ocupacional do Caps-AD Gisela Amorim Marques.
O ex-caminhoneiro Sebastião passa hoje a maior parte do seu tempo no Caps-AD. De segunda à sexta, das 9h às 16h, vê filmes e participa de oficinas. "Ocupa a cabeça da gente", afirma.
O vício no crack começou aos 42, associado ao álcool. Somente decidiu buscar auxílio em janeiro de 2009, quando acordou amarrado a uma maca do HC, após ser encontrado desmaiado perto de uma boca de fumo.
Ele diz ainda sofrer recaídas, mas que está há quatro meses sem usar drogas. "Estou mais controlado hoje. Se eu continuar na droga, é cemitério mais cedo."


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