Ribeirão Preto, Domingo, 09 de Maio de 2010

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Empresa paga para repor árvore utilizada

Reposição florestal é obrigatória por empresas que consomem madeira, mas, sem fiscalização, lei ainda não emplacou

Nas 89 cidades da região de Ribeirão Preto, apenas 154 empresas, em 2008, compensaram as árvores que foram consumidas

Silva Junior/Folha Imagem
O garçom Francisco de Assis trabalha na churrascaria Coxilha dos Pampas, que paga pelo reflorestamento da madeira consumida

JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO

As churrasqueiras da Coxilha dos Pampas, em Ribeirão Preto, e os fornos da usina Continental, em Colômbia, são diferentes em tamanho, finalidade e em quase todo o resto, mas têm ao menos uma semelhança: repõem uma parte da madeira que consomem.
Apesar de obrigatória, a postura de torrar, mas reflorestar, ainda é tímida. Deveria ser cumprida por padarias, pizzarias, olarias, destilarias e toda atividade que utilize madeira.
Nas 89 cidades da região de Ribeirão, porém, apenas 154 empresas compensaram árvores consumidas em 2008.
Com isso, obtiveram um selo do programa Madeira Legal, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Para renovar a certificação, as empresas irão prestar conta do que usaram em 2009 até o final deste mês.
Uma das razões apontadas para a baixa adesão ao programa é a falta de fiscalização.
Segundo o técnico da Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais da Secretaria de Estado do Meio Ambiente Sérgio Murilo Santana, o curto período desde que a lei estadual da reposição passou a valer, em 2008, não permitiu que o Estado se estruturasse para cobrar seu cumprimento.
"Muito ainda está sendo pesquisado, as metodologias e os critérios de implantação e gestão estão sendo elaborados e definidos", diz Santana.
Por enquanto, apenas empresas que passam por certificação -para obter o selo ISO, por exemplo- e algumas convencidas pelo apelo ambiental têm se movimentado para semear as árvores que irão, no futuro, consumir, segundo o presidente da associação Tambaú Verde, Cláudio José Silvestre.
A Tambaú Verde é uma das 12 associações de consumidores de madeira do Estado credenciadas pela secretaria para receber dinheiro das empresas e, com esse recurso, produzir mudas de eucalipto e outras espécies de árvores nativas.
A ideia, segundo Silvestre, é formar um banco de madeira. Nesse sistema, empresas como a Coxilha dos Pampas pagam pelo reflorestamento à associação, que fornece mudas, gratuitamente, para qualquer agricultor interessado.
Esse produtor poderá vender a madeira a qualquer consumidor, suprindo a demanda por matéria-prima de fornos, churrasqueiras, caldeiras e outros.
A alternativa ao pagamento de R$ 0,75 por árvore é o próprio consumidor plantar, mas isso só é viável para grandes empresas, como as papeleiras, segundo Silvestre.
Apesar de, em teoria, esse ciclo de consumo e produção apontar para uma atividade sustentável, Silvestre diz que a falta de fiscalização e a baixa remuneração por árvore plantada às associações podem fazer a "lei não pegar".
O resultado seria madeira cara no futuro. Santana disse que tanto o preço da unidade de árvore quanto a fiscalização estão em fase de discussão.


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