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De presente, mãe espera filha ser deportada
A cozinheira Maria Aparecida, de Franca, aguarda chegada da filha Fabiana Barbosa, presa por tráfico na África do Sul
Fabiana conseguiu a liberdade e aguarda
desde o dia 27 de abril
pela deportação da
África do Sul para o Brasil
HÉLIA ARAUJO
DA FOLHA RIBEIRÃO
A cozinheira Maria Aparecida da Silva, 49, espera há quatro
anos e meio pelo mesmo presente no Dia das Mães: a volta
da primogênita Fabiana da Silva Barbosa, 30, presa por tráfico de drogas na África do Sul.
Hoje a esperança está mais
forte do que nunca, já que a filha conseguiu a liberdade e
aguarda, desde o dia 27 de abril,
pela deportação para o Brasil.
"Ela me prometeu que viria
para este Dia das Mães. Estou
muito ansiosa e preocupada
porque desde que foi libertada
ela não entrou mais em contato
comigo", disse a cozinheira.
Durante todo o tempo em
que esteve presa, Fabiana só
podia falar com a família em telefonemas de dois minutos aos
domingos. Nem toda semana
ela conseguia fazer as ligações.
"Não dava tempo de falar
quase nada. Ela só perguntava
como todos nós estávamos e falava que sentia saudades. Então
falava com as crianças e depois
desligava", disse. As crianças
com quem Fabiana falava nos
telefonemas são os três filhos
dela, que moram em Franca. O
mais velho, Nicolas, tinha cinco
anos quando ela foi presa e mora com os avós paternos.
Jenifer, que na época da prisão tinha quatro anos, foi criada por Maria Aparecida, assim
como a caçula Kimberly Victória, hoje com quatro anos, de
quem Fabiana estava grávida
de dois meses quando foi presa.
"A Kimberly me chama de
mãe. Já expliquei que a mãe de
verdade dela vai chegar daqui
uns dias e vai ficar triste se não
for chamada assim. Mas no
fundo entendo, porque eu acabei fazendo esse papel."
A menina chegou em Franca
com cinco meses de idade, depois de muitas ameaças feitas
por autoridades africanas de
que a criança seria entregue para adoção naquele país.
Kimberly nasceu em um presídio de Johannesburgo, na
África, onde permaneceu com a
mãe numa cela lotada até que a
menina fosse repatriada.
"Sofri muito nessa época
porque minha neta poderia ser
doada na África e eu nada poderia fazer. Havia muitos casais
interessados nela, por ser branca e brasileira", conta.
A criança só foi repatriada
depois da interferência do Ministério das Relações Exteriores e da ajuda de voluntários
brasileiros na África.
Maria Aparecida ainda teve
outros momentos de sofrimento durante esses quatro anos e
meio, mas o pior deles foi quando soube que Fabiana estava
com câncer de mama.
"Quando a Fabiana saiu de
casa, no dia 20 de outubro de
2005, era um mulherão, tinha
cabelos compridos e usava manequim 48. Ela vai chegar aqui
usando número 36 e com o cabelo bem curtinho. Tenho medo de não reconhecê-la mais."
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