Ribeirão Preto, Domingo, 09 de Maio de 2010

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Região tem baixa média de partos normais

Índice de nascimentos naturais é menor que o do Estado, onde 43,3% das mães tiveram os filhos pelo modo normal em 2008

O menor percentual foi detectado na regional de Barretos, onde apenas 23,4% das mulheres dão à luz pelo modo natural

LIGIA SOTRATTI
DA FOLHA RIBEIRÃO

A escolha das mulheres pelo parto natural tem sido cada vez menor e, na região, a proporção é inferior à média estadual. Do total de nascimentos registrados no Estado em 2008, apenas 43,3% das mães tiveram seus filhos pelo modo normal. No DRS (Departamento Regional de Saúde) de Ribeirão Preto o índice é de 40,6%.
Na região, o menor percentual é do DRS de Barretos, onde somente 23,4% das mulheres dão à luz pelo modo natural. Em seguida aparecem os departamentos de Araraquara (27,2%) e de Franca (36,1%).
O levantamento foi divulgado na semana passada pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados).
A recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) é que o número de cesarianas não ultrapasse os 15%. Segundo a demógrafa da Seade, Lúcia Yazaki, se criou uma cultura de cesáreas no país e, para revertê-la, são necessárias campanhas de conscientização.
"Desde a década de 90 o Ministério da Saúde vem trabalhando campanhas de incentivo ao parto normal, mas o número de cesáreas ainda é alto. É preciso um trabalho muito forte para tentar educar os dois lados, as mães e os médicos", afirmou a demógrafa.
Segundo o coordenador do Programa de Saúde da Mulher de Ribeirão Preto, Valdomiro de Freitas Sampaio, a resistência das mães existe porque elas temem a dor do parto.
"A cesariana foi criada para salvar a mãe e o bebê, mas segundo indicação médica. Mas há pacientes que buscam essa alternativa por ter receio do parto normal", disse.
Para Sampaio, é difícil reverter esse número. "As mulheres que tiveram o primeiro filho com parto cesáreo normalmente têm o segundo da mesma forma. Mais de 90% tendem a repetir", disse.
A diretora de Vigilância em Saúde de Barretos, Jussara Colli, também vê dificuldades em mudar o quadro, apesar de a rede ter um trabalho de conscientização com as gestantes.
"É muito complicado, a gente tem curso de gestante, trabalhamos com a importância do parto normal, em como a cesárea pode ter mais complicações, mas a adesão ainda é pequena", afirmou Colli.
No ano passado, a cidade de Araraquara teve 1.883 partos, sendo 610 normais e, o restante, cesáreas -os dados incluem nascimentos nas redes particular e pública de saúde.
"O grande problema é a comodidade. A mulher e o médico preferem agendar a data, planejar o horário e o dia para o nascimento do bebê. Existe o medo da dor, que não tem como se prever e, por isso, a mulher se direciona para a cesárea", disse a coordenadora da atenção básica de Araraquara Maria da Penha Santos.
Para aumentar a adesão ao parto normal, o município tem investido em programas de acompanhamento à gestante, como o apoio das doulas (acompanhantes de parto). "Ter um profissional ajuda muito na hora, para confortar a mulher", afirma Santos.


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