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MOROSIDADE JUDICIAL
Polícia aguarda conclusão de 800 documentos, peças fundamentais em processo, para prosseguir investigações em Ribeirão
Atraso em laudos "encalha" 400 inquéritos
da Folha Ribeirão
A polícia aguarda a conclusão de
cerca de 800 laudos periciais para
encerrar investigações de crimes
em Ribeirão Preto, número 5,6 vezes maior do que há dois anos.
O laudo é peça fundamental no
processo e sua ausência prejudica
o andamento do caso na Justiça.
"Preciso do documento, por
exemplo, para provar que a pessoa
morreu assassinada e qual foi a arma utilizada", afirma o delegado
Ivan Roberto Mendes Costa, regional em Ribeirão.
Segundo Costa, em setembro de
97 havia 41 laudos pendentes no IC
(Instituto de Criminalística) da cidade e aproximadamente cem no
IML (Instituto Médico Legal).
"Pelo que temos notícia já são
800 laudos não-concluídos nos
dois órgãos", diz o delegado.
Estimando que cada crime depende de pelo menos dois relatórios periciais, há no mínimo 400
inquéritos encalhados.
Por lei, o perito tem dez dias para
concluir o laudo, mas esse prazo
estaria sendo desrespeitado.
"Tenho orientado os delegados a
relatar o caso à promotoria, mesmo sem os laudos", afirma o delegado Odacir Cesário da Silva, titular da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Ribeirão.
Assim, o processo pára na Justiça, porque o promotor precisa dos
exames do IML e do IC para fazer a
denúncia contra os suspeitos.
No mês passado, o delegado regional abriu inquérito policial contra o IC. O motivo foi o atraso de
dois anos para concluir um laudo
pedido por um juiz.
O perito, nesse caso, não transcreveu uma fita que servirá como
prova em um processo.
A Folha não conseguiu falar com
os diretores locais do IML e do IC.
Segundo Valdir Santoro, diretor
dos Instituto de Criminalística de
São Paulo, é preciso levar em conta
o aumento da demanda e a perda
de funcionários.
"Temos trabalhado no limite da
nossa capacidade para dar conta
das solicitações", disse ele.
Santoro afirma ter comunicado à
Superintendência da Polícia Técnica, órgão que gerencia os ICs, da
necessidade de se contratar mais
500 peritos em São Paulo.
Hoje, há 1.020 peritos no Estado,
sendo que metade trabalha na capital e Grande São Paulo.
O governo estadual não realiza
concurso público para repor vagas
abertas há cinco anos. Só no ano
passado, 30 servidores se aposentaram com receio da reforma na
previdência.
"A orientação é que seja seguida
a ordem cronológica dos pedidos,
que é quebrada quando ocorre flagrante ou pedido de perícia em caráter emergencial", afirma o diretor do IC.
Exemplo da importância do laudo é o caso da morte da garota de
programa Selma Heloísa Artigas
da Silva, arrastada na lateral de
uma camionete. A acusação se baseia em laudo que descarta a hipótese de acidente.
Este ano, o IML de Ribeirão deverá mudar para um prédio novo.
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