Ribeirão Preto, Domingo, 09 de Outubro de 2011

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Mortes colocam São Carlos contra as festas universitárias

Eventos são criticados por Igreja Católica, Câmara, prefeitura, associação comercial e USP

Embora a Tusca tenha caráter esportivo, festas relacionadas ao evento atraem mais estudantes que os jogos

Edson Silva/Folhapress
Eder Zuccolotto, 34, neto de Rosa Buzzo Zuccolotto, 82, atropelada por jovem que participava de festa ligada à Tusca

ELIDA OLIVEIRA
ENVIADA ESPECIAL A SÃO CARLOS

Bebidas, drogas, música alta e depredações não são novidades há anos na Tusca (Taça Universitária de São Carlos). Três mortes registradas desde 2010, porém, fizeram a cidade se opor ao evento.
Igreja Católica, prefeitura, Câmara, Acisc (Associação Comercial de São Carlos) e até a USP se posicionaram contra as festas do torneio.
As duas mortes deste ano -um estudante teve a cabeça esmagada por um caminhão de cerveja e uma idosa foi atropelada sábado de manhã por um festeiro- impulsionaram a mobilização.
O torneio tem caráter esportivo e reúne alunos da UFSCar, da USP e instituições convidadas. As festas, para integrar os atletas, têm atraído mais público que os jogos -e são elas que incomodam tanto. A principal queixa é contra o Corso, micareta que há 32 anos abre o torneio.
Nesta edição o evento chegou a reunir 8.000, segundo a organização, atrás de um trio elétrico e seis caminhões carregados com cervejas.
Foi um desses que matou um jovem. A polícia aguarda laudos que comprovem que eles não tinham a segurança necessária para estar em meio a tanta gente.
Representantes das atléticas da USP e UFSCar podem responder por suspeita de homicídio culposo (quando não há intenção de matar). A Promotoria abriu inquérito.
As disputas esportivas, que seriam a alma do evento, se tornaram um "torneio de levantamento de copos". Os estudantes admitem: "Todos dizem: Ah, é Tusca? Então larga tudo e vamos beber", disse Daniel Pizetta, 24, aluno de física computacional.
Até em finais de competição houve times desfalcados por atletas embriagados, como no beisebol deste ano. "Os times já são formados com excedente [de reservas] porque todo mundo sabe que terá desfalque [pelo consumo excessivo de álcool]", disse Rodrigo Hattori, 18, aluno de engenharia de materiais da UFSCar.
Por conta dos problemas, a cidade se mobilizou. Duas paróquias juntaram 9.000 assinaturas contra as festas.
"Até que ponto a diversão vai acontecer em detrimento da vida dos outros?", diz Eder Zuccolotto, 34, neto de Rosa Buzzo Zuccolotto, 82, atropelada por um jovem com sinais de embriaguez quando ele saía de uma das festas da Tusca.
O prefeito Oswaldo Barba (PT) não autorizará o Corso nas ruas locais em 2012. O presidente da Acisc, Alfredo Maffei Neto, diz que a Tusca é negativa. Já a Câmara fará consulta pública para saber a opinião da cidade. "Passou dos limites", diz o vereador Equimarcilias Freire (PMDB).


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