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Dona-de-casa registra cinco queixas, mas não consegue se livrar do ex-marido
DA FOLHA RIBEIRÃO
"Pode ser um pouquinho antes a entrevista, moça? Senão,
meu marido chega e a briga vai
começar". É dessa forma que
pede à Folha, ao telefone, Helena (nome fictício), 35, mas
com aparência desgastada pelas discussões e brigas ao longo
de 20 anos de casamento.
Helena mora no Parque Ribeirão Preto, bairro de periferia, com oito dos nove filhos.
Como três sofrem distúrbios
mentais, não trabalha, para que
possa acompanhá-los à escola e
aos médicos. E o "inimigo" mora bem ao lado: a casa da ex-sogra é colada ao seu muro. O ex-marido mora com a mãe.
Quando bebe -e até sóbrio-,
não sai da casa onde morou
com Helena, segundo ela.
A dona-de-casa conta que já
registrou cinco boletins de
ocorrência por agressão. O primeiro foi há quatro anos, depois de uma briga com paus e
tijolo. "Eu registro a queixa. O
juiz chama para conversar. Aí
ele [o ex] fica uma seda."
Ela diz que não consegue impedir a aproximação do ex-companheiro. "O juiz já me disse que não tem como impedir
que ele more com a mãe", disse.
A casa onde Helena mora era
dos pais. Ela conta não ter renda suficiente para morar em
outro local. "Se pudesse, já tinha corrido daqui, longe dele."
Sílvia (nome fictício), 43,
cansou das agressões do marido. Depois de apanhar com
chutes e socos, foi até a Delegacia de Defesa da Mulher na última sexta-feira registrar queixa. O marido, porém, que estava há algumas semanas longe
de casa, na última semana, voltou e avisou: vou ficar.
Mesmo se tivesse opção de ir
para um abrigo com os quatro
filhos -respectivamente de 8,
9, 10 e 15 anos-, Sílvia não quer
abandonar seu lar. "Como vou
sair da minha casa e ir para um
abrigo se é ele quem está errado? Não é justo."
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