Ribeirão Preto, Quinta-feira, 10 de Dezembro de 2009

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Cidade precisa investir R$ 106,9 mi em água

Cálculo de atlas da ANA se refere à verba necessária para criar novo sistema de captação e tratamento de água até 2015

Estudo aponta como alternativa para garantir o abastecimento de água na cidade a captação do líquido no rio Pardo


Edson Silva/Folha Imagem
Funcionário Odir Garcia observa reservatório na estação de tratamento da Sabesp, em Franca

LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Ribeirão Preto terá de investir R$ 106,9 milhões na criação de um novo sistema de captação e tratamento de água até 2015 para garantir o abastecimento da cidade e evitar colapso no fornecimento. Os dados são do Atlas de Abastecimento Urbano de Água, divulgado ontem pela ANA (Agência Nacional de Águas).
O estudo aponta como alternativa um novo sistema de captação no rio Pardo. Hoje, a cidade depende 100% da captação por meio de poços que retiram água do aquífero Guarani.
O relatório da ANA estima que em todo o Brasil será preciso investir R$ 18 bilhões até 2015 para garantir o abastecimento. Há problemas em 64% das 2.965 cidades pesquisadas.
No Estado de São Paulo, o atlas abrange 77 municípios, incluindo as regiões metropolitanas e dez cidades com mais de 250 mil habitantes. Na região, além de Ribeirão, apenas Franca teve sua situação avaliada (leia texto nesta página).
O gerente de estudos da ANA, Sérgio Rodrigues Ayrimoraes, disse que os dados foram coletados com órgãos do governo federal, secretarias estaduais e prestadoras que administram os serviços de abastecimento.
Ayrimoraes disse que o diagnóstico tem como objetivo permitir que os governos possam se estruturar para evitar colapsos em seus sistemas de abastecimento. "Se os investimentos não forem feitos, pode haver problemas na garantia de oferta de água", disse.
Para o diretor regional do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), Carlos Eduardo Nascimento Alencastre, como o prazo apontado pela ANA é curto, uma das alternativas de Ribeirão é melhorar o controle de perdas no sistema de abastecimento.
Para ele, a criação do novo sistema de captação é uma necessidade. Alencastre lembrou que a deliberação do Comitê da Bacia do Rio Pardo, homologada em 2006 pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos, limitando a abertura de novos poços para retirada de água do aquífero em Ribeirão, vence em junho de 2010.
Com a deliberação, desde 2006 está proibida a abertura de novos poços na região central. Nos bairros entre o centro e o Anel Viário, só estão autorizadas as perfurações para abastecimento público. Nas demais áreas de expansão urbana, os poços só podem ser abertos com distância mínima de mil metros entre um e outro.
Antes da deliberação, os poços podiam ser abertos para qualquer uso, desde que não causassem interferência em outros locais de captação.
Isso pode voltar a valer a partir de 2010, o que aumentaria a retirada de água do aquífero. "É uma deliberação que tem prazo definido para se extinguir e não temos ferramentas para prorrogar isso, o que é preocupante", disse Alencastre.
Marcelo Goulart, promotor do Meio Ambiente, disse que hoje uma nova reunião deve ocorrer para tratar de regras de ocupação de solo para a área de recarga do aquífero Guarani, na zona leste de Ribeirão.
O objetivo é evitar a impermeabilização do solo e garantir a recarga do reservatório. "Senão, nesse ritmo, o colapso [no fornecimento de água] pode até ocorrer antes."
O aquífero Guarani, formado por rochas que absorvem e retêm a água, é o maior reservatório subterrâneo da América.


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