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Deficientes relatam experiências sexuais
A exemplo da personagem da novela da Rede Globo, cegos e cadeirantes vivem juntos, falam de amor e companheirismo
Famílias de deficientes não sabem abordar o tema; homens cegos dizem ser agora mais sensíveis e do que quando enxergavam
LIGIA SOTRATTI
DA FOLHA RIBEIRÃO
"A cada dia nossa intimidade
está maior. Isso é natural e
bom, mas me amedronta. Sou
uma mulher tetraplégica, sei
bem das minhas limitações.
Ainda não posso falar com total
propriedade sobre o assunto,
mas sei que todo cadeirante
pode ter vida sexual."
A fala descrita acima foi extraída do blog da personagem
Luciana, da novela Viver a Vida, da rede Globo, interpretada
pela atriz Alinne Moraes. Na
trama, a jovem é uma modelo
que, após um acidente, ficou
tetraplégica. Na página virtual,
em que a personagem retrata
suas experiências como se fossem reais, ela compartilha dúvidas e receios sobre como conduzir a vida sexual.
Longe da ficção, o assunto
nem sempre é tratado com naturalidade na família. "É comum, dentro da própria casa, a
pessoa deficiente ser tratada
como assexuada. Os pais não
sabem falar do tema e acham
que o filho não terá desejos, o
que não é verdade", afirma a ginecologista Lúcia Alves da Silva Lara, do Ambulatório de Sexualidade do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.
Cadeirante desde os 16 anos
após ter tido meningite, Jeferson Andrade, 45, diz ter aprendido a lidar com a vida sexual e
que o sexo melhorou. Ele mora
há oito anos com a também cadeirante Sônia Maria Soranzo,
50 (leia texto nesta página).
"Minha mãe não deixava eu
sair por achar que os meninos
iam se aproveitar de mim",
conta a deficiente visual Andréia Regiane Oliveira Costa,
22, que nasceu cega.
Casada pela segunda vez com
um deficiente visual, Andréia
conta que teve vários namorados, com e sem deficiência, e
que as trocas de olhares podem
ser substituídas por conversa.
"Cego não pode ter vergonha.
Tem que ter bom papo e não ser
superficial. Já me envolvi com
quem enxerga e prefiro quem
tem deficiência. Sabem a importância do toque, é melhor a
sintonia", disse ela.
O marido, Marcelo Donizetti
Bento, 32, cego desde os 24
anos após ter tido meningite,
disse que a vida sexual melhorou. "Passei a ter mais sensibilidade, investir em carinho. Estava bem "saidinho" antes de conhecê-la." Sempre abraçado, o
casal se conheceu na Adevirp
(Associação dos Deficientes Visuais de Ribeirão Preto e região) e mora junto há um ano.
Foi o contato frequente, só
que virtual, que uniu Cristiano
dos Santos, 23, com baixo percentual de visão, a Débora Balbino, 20, que enxerga normalmente. "Nos conhecemos pela
internet. Marcamos um encontro e deu certo", disse ele.
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