Ribeirão Preto, Domingo, 11 de Abril de 2010

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Deficientes relatam experiências sexuais

A exemplo da personagem da novela da Rede Globo, cegos e cadeirantes vivem juntos, falam de amor e companheirismo

Famílias de deficientes não sabem abordar o tema; homens cegos dizem ser agora mais sensíveis e do que quando enxergavam


LIGIA SOTRATTI
DA FOLHA RIBEIRÃO

"A cada dia nossa intimidade está maior. Isso é natural e bom, mas me amedronta. Sou uma mulher tetraplégica, sei bem das minhas limitações. Ainda não posso falar com total propriedade sobre o assunto, mas sei que todo cadeirante pode ter vida sexual."
A fala descrita acima foi extraída do blog da personagem Luciana, da novela Viver a Vida, da rede Globo, interpretada pela atriz Alinne Moraes. Na trama, a jovem é uma modelo que, após um acidente, ficou tetraplégica. Na página virtual, em que a personagem retrata suas experiências como se fossem reais, ela compartilha dúvidas e receios sobre como conduzir a vida sexual.
Longe da ficção, o assunto nem sempre é tratado com naturalidade na família. "É comum, dentro da própria casa, a pessoa deficiente ser tratada como assexuada. Os pais não sabem falar do tema e acham que o filho não terá desejos, o que não é verdade", afirma a ginecologista Lúcia Alves da Silva Lara, do Ambulatório de Sexualidade do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.
Cadeirante desde os 16 anos após ter tido meningite, Jeferson Andrade, 45, diz ter aprendido a lidar com a vida sexual e que o sexo melhorou. Ele mora há oito anos com a também cadeirante Sônia Maria Soranzo, 50 (leia texto nesta página).
"Minha mãe não deixava eu sair por achar que os meninos iam se aproveitar de mim", conta a deficiente visual Andréia Regiane Oliveira Costa, 22, que nasceu cega.
Casada pela segunda vez com um deficiente visual, Andréia conta que teve vários namorados, com e sem deficiência, e que as trocas de olhares podem ser substituídas por conversa.
"Cego não pode ter vergonha. Tem que ter bom papo e não ser superficial. Já me envolvi com quem enxerga e prefiro quem tem deficiência. Sabem a importância do toque, é melhor a sintonia", disse ela.
O marido, Marcelo Donizetti Bento, 32, cego desde os 24 anos após ter tido meningite, disse que a vida sexual melhorou. "Passei a ter mais sensibilidade, investir em carinho. Estava bem "saidinho" antes de conhecê-la." Sempre abraçado, o casal se conheceu na Adevirp (Associação dos Deficientes Visuais de Ribeirão Preto e região) e mora junto há um ano.
Foi o contato frequente, só que virtual, que uniu Cristiano dos Santos, 23, com baixo percentual de visão, a Débora Balbino, 20, que enxerga normalmente. "Nos conhecemos pela internet. Marcamos um encontro e deu certo", disse ele.


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