Ribeirão Preto, Terça-feira, 11 de Agosto de 2009 |
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Roubo lidera a internação na ex-Febem
Dados da Fundação Casa de Ribeirão mostram que roubos sem armas saltaram de 4,4% para 11,5% do total de infrações
GEORGE ARAVANIS DA FOLHA RIBEIRÃO A quantidade de adolescentes levados à Fundação Casa de Ribeirão acusados de roubos simples mais que dobrou nos seis primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, e transformou o assalto na principal infração cometida por menores de 18 anos apreendidos. O roubo simples é aquele em que não há uso de arma de fogo. O número de jovens detidos por assalto ultrapassou inclusive o de apreendidos por tráfico de drogas, que liderava o ranking das infrações cometidas no primeiro semestre de 2008 e é apontado por especialistas como o crime com maior potencial para aliciar adolescentes infratores. De acordo com dados da instituição, dos 1.762 atendimentos feitos nas três unidades de Ribeirão (de internação, internação provisória e semiliberdade) no primeiro semestre de 2009, 39,3% foram referentes a assaltos. A proporção de jovens internados envolvidos com tráfico é de 32,5%. No primeiro semestre do ano passado, quando houve 1.798 apreensões, 2% a mais do que em 2009, o tráfico levou para a ex-Febem 36,2% dos internos, enquanto os roubos representavam 35,9%. O salto deve-se aos roubos simples, que respondiam por 4,4% das apreensões no ano passado e hoje representam 11,5% do total. Os roubos qualificados -com utilização de armas- representam 27,8% -no ano passado, eram 31,5%. O coordenador da Fundação Casa na região, Roberto Damásio, disse que o fenômeno ainda não tem explicação, mas pode estar ligado às drogas. "É um tipo de crime cometido para conseguir dinheiro rápido, mas ainda não detalhamos o perfil do garoto que comete o roubo simples", afirmou. Sérgio Kodato, coordenador do Observatório da Violência e Práticas Exemplares da USP de Ribeirão, disse que os garotos que cometem os pequenos roubos são viciados em drogas e não têm a disciplina necessária para atuar no tráfico, aspiração da maioria dos infratores, segundo ele. "Normalmente o tráfico não quer o menor viciado", afirmou Kodato. Celso (nome fictício), 18, apreendido há 122 dias acusado de assaltar um supermercado, concorda com Kodato. Disse que a maioria de seus conhecidos envolvidos com roubos usa a prática para quitar dívidas com drogas. "Droga, se você não paga, perde o pescoço." O jovem, porém, se diz inocente do crime atribuído a ele. Afirma que passava perto do local quando foi confundido com um dos dois homens que haviam acabado de assaltar um mercado. Foi preso e preferiu manter o silêncio em vez de acusar quem, de acordo com ele, era o culpado. "Caguetar não pode, senhor. Melhor ficar aqui e sair do que perder o pescoço", afirmou o garoto. Próximo Texto: Região de Ribeirão tem sua terceira morte por gripe suína Índice |
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