Ribeirão Preto, Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2000


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EDUCAÇÃO
Em cinco estabelecimentos de ensino estão sobrando 710 vagas, a maioria no período noturno
Violência afasta estudantes de escolas da periferia de Ribeirão

ALESSANDRO BRAGHETO
da Folha Ribeirão

ANGELO SASTRE
free-lance para a Folha Ribeirão

O aumento da violência na periferia de Ribeirão Preto está provocando uma evasão de alunos no período noturno das escolas estaduais.
Em cinco unidades consultadas pela Folha, estão sobrando 710 vagas (600 para aulas à noite). Essas escolas se localizam em bairros violentos, como Quintino Facci, Campos Elíseos e Vila Virgínia.
De acordo com dados da Polícia Civil, os bairros periféricos foram responsáveis por 86,2% dos homicídios registrados durante o ano passado.
Por causa das sobras, as escolas resolveram prorrogar os prazos de matrículas, renovação e transferências para esta semana, pois as vagas já deveriam ter sido definidas desde a semana passada.
Segundo as escolas, os alunos estão optando por estudar pela manhã ou se transferindo para outras unidades, consideradas mais seguras.
"A noite é dos bandidos", afirmou o vigia Adirlei Remundine, 22, que se transferiu de uma escola nos Campos Elíseos, para uma outra na região central.
A dirigente regional de ensino de Ribeirão Preto, Gertrudes Aparecida Ferreira, admite que está havendo uma redução na procura por vagas no período noturno (leia texto nesta página).
Entre as escolas consultadas pela Folha, a que apresentou o maior excedente de vagas foi a Rafael Leme Franco, localizada no bairro Jardim Antártica, zona oeste, onde, segundo a direção, 50% dos alunos do período noturno não renovaram suas matrículas.
Em abril do ano passado, dois alunos que assistiam a uma aula de educação física na escola foram baleados, sendo que o estudante Jair Gallasso Filho, 17, acabou morrendo.
De acordo com a diretora da escola, Célia Cocarelli, metade dos 160 alunos do período noturno e 10% dos 700 alunos do período diurno não haviam renovado as matrículas até anteontem. Ontem, ninguém foi achado para falar sobre o assunto.
"Isso acaba prejudicando o planejamento das classes, já que a renovação das matrículas era para ter ocorrido até o final de 99."
Para o presidente do Conselho Municipal de Educação, Walter Colombini, o principal fator da evasão no período noturno é a falta de segurança.
Ele acredita que a maioria dos alunos está com medo de frequentar as escolas da periferia no período da noite.
"Depois de tudo o que aconteceu no ano passado, os pais ficaram com medo e muito mudaram seus filhos de escola", diz.
Já o presidente do Conselho Municipal de Segurança Escolar, José Roberto Ribeiro Arroyo, afirma que a falta de segurança está ocorrendo fora das escolas.
De acordo com ele, no ano passado foi registrado apenas um caso grave nas escolas estaduais.
"A violência está fora das escolas", diz Arroyo.



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