Insegurança gera a transferência

Edson Silva/ Folha Imagem

O estudante A.A.D., que estudava na escola Rafael Leme Franco, durante entrevista em sua casa

da Folha Ribeirão

O vigia Adirlei Remundine, 22, que estuda na primeira série do ensino médio, decidiu transferir sua matrícula de uma escola no Campos Eliseos para um supletivo na região central neste ano.
Ele tomou a decisão após estudar em três escolas diferentes nos últimos quatro anos.
Durante esse período, ele frequentou as escolas Dom Alberto José Gonçalves, Alberto Santos Dumont e Professora Amélia dos Santos Musa.
"Não existe condições de estudar nessas escolas no período da noite. É muita confusão e o tráfico de droga é visível dentro e fora dos colégios", diz o vigia.
Ele diz acreditar que o clima de insegurança também influencia no rendimento dos alunos e na qualidade do ensino.
Para o vigia, muitos professores têm medo dos alunos e acabam facilitando as avaliações.
"Alguns professores chegam a ser ameaçados pelos alunos e acabam facilitando na hora da prova. Eu tive uma professora de matemática que me deu a nota máxima por apenas dois exercícios", diz Remundine.
O garoto A.A.D., 11, estudava na escola estadual Rafael Leme Franco até abril do ano passado e, devido às ocorrências de violência no local, acabou se transferindo para a também estadual Alberto Santos Dumont, mais longe de sua casa, mas, segundo ele, "menos perigosa".
"Lá ocorria muita briga, muitos problemas, eu não tinha mais clima, principalmente depois da morte do garoto lá", disse.
Sua mãe, a dona-de-casa que se identificou apenas como Neusa, disse que, mesmo mudando seu filho de escola, continua com medo.
"Sei que estamos vivendo em um mundo muito violento e isso se reflete na escola. Ele continua reclamando de que é ameaçado, que querem bater nele", disse.
Já a dona-de-casa Maria das Dores Santos transferiu sua filha Cristiane, de 15 anos, do período noturno da escola Rafael Leme Franco. "Ela mudou de cidade e acho que a violência pode ocorrer tanto dentro quanto fora da escola", disse.



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