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Tecumseh demite 350 em São Carlos e culpa crise mundial
Sindicato diz que medida foi inesperada e que a turbulência internacional pode ter sido apenas pretexto para os cortes
Funcionários haviam voltado ao trabalho na segunda-feira, após folga de 14 dias dada para evitar cortes de empregos
DA FOLHA RIBEIRÃO
A Tecumseh, principal fabricante de compressores para refrigeração do Brasil, confirmou
ontem a demissão de 350 trabalhadores, sob justificativa da
crise econômica. A empresa
tem 4.000 funcionários nas
duas fábricas de São Carlos.
O corte, o primeiro em 2009,
aconteceu um dia depois do retorno dos operários ao trabalho. Eles passaram 14 dias parados justamente por uma tentativa da empresa de evitar demissões. A ideia era que, sem
ônus no salário, os funcionários
compensassem as horas paradas após o fim da crise, quando
a produção da empresa voltasse
ao normal.
Vinte dias depois de firmar o
acordo, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos criticou
a forma como o anúncio dos
cortes foi feito.
O sindicato diz que, no acordo de "congelamento" do banco
de horas, firmado no dia 23 de
janeiro, ficou acertado também
que qualquer demissão seria
discutida em reunião. A entidade afirmou ainda que a crise foi
usada como desculpa pela empresa para o fechamento de
postos de trabalho.
Uma reunião foi realizada na
terça-feira, com a presença do
diretor de recursos humanos
da empresa, Antônio Sasso
Garcia Filho, mas o corte, segundo o sindicato, foi apenas
comunicado pela empresa e
não debatido.
"É uma surpresa, pois eles tinham o compromisso de discutir as demissões", disse o diretor do sindicato e vereador Ronaldo Lopes (PT).
Ontem, o sindicato abordou
os funcionários no momento
das trocas de turno para avisá-los dos cortes. "Já planejamos
que, em protesto, vamos parar
100% da produção da fábrica
por um dia", disse. A data não
foi definida.
Na época do acordo de "congelamento", o diretor Antônio
Sasso Garcia Filho, que se reuniu anteontem com o sindicato,
disse que a medida não garantia
que não haveria demissões. "Só
quem pode garantir isso é a
produção de volta e o mercado
aquecido", disse.
O sindicato teme mais demissões, que podem atingir até
600 trabalhadores caso a produção não volte ao normal.
A Tecumseh já havia demitido, em 2008, cerca de 800 pessoas. Entre dezembro de 2008
e janeiro deste ano, a empresa
tentou dar férias coletivas.
(ROBERTO MADUREIRA)
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