Ribeirão Preto, Quinta-feira, 12 de Fevereiro de 2009

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Tecumseh demite 350 em São Carlos e culpa crise mundial

Sindicato diz que medida foi inesperada e que a turbulência internacional pode ter sido apenas pretexto para os cortes

Funcionários haviam voltado ao trabalho na segunda-feira, após folga de 14 dias dada para evitar cortes de empregos

DA FOLHA RIBEIRÃO

A Tecumseh, principal fabricante de compressores para refrigeração do Brasil, confirmou ontem a demissão de 350 trabalhadores, sob justificativa da crise econômica. A empresa tem 4.000 funcionários nas duas fábricas de São Carlos.
O corte, o primeiro em 2009, aconteceu um dia depois do retorno dos operários ao trabalho. Eles passaram 14 dias parados justamente por uma tentativa da empresa de evitar demissões. A ideia era que, sem ônus no salário, os funcionários compensassem as horas paradas após o fim da crise, quando a produção da empresa voltasse ao normal.
Vinte dias depois de firmar o acordo, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos criticou a forma como o anúncio dos cortes foi feito.
O sindicato diz que, no acordo de "congelamento" do banco de horas, firmado no dia 23 de janeiro, ficou acertado também que qualquer demissão seria discutida em reunião. A entidade afirmou ainda que a crise foi usada como desculpa pela empresa para o fechamento de postos de trabalho.
Uma reunião foi realizada na terça-feira, com a presença do diretor de recursos humanos da empresa, Antônio Sasso Garcia Filho, mas o corte, segundo o sindicato, foi apenas comunicado pela empresa e não debatido.
"É uma surpresa, pois eles tinham o compromisso de discutir as demissões", disse o diretor do sindicato e vereador Ronaldo Lopes (PT).
Ontem, o sindicato abordou os funcionários no momento das trocas de turno para avisá-los dos cortes. "Já planejamos que, em protesto, vamos parar 100% da produção da fábrica por um dia", disse. A data não foi definida.
Na época do acordo de "congelamento", o diretor Antônio Sasso Garcia Filho, que se reuniu anteontem com o sindicato, disse que a medida não garantia que não haveria demissões. "Só quem pode garantir isso é a produção de volta e o mercado aquecido", disse.
O sindicato teme mais demissões, que podem atingir até 600 trabalhadores caso a produção não volte ao normal.
A Tecumseh já havia demitido, em 2008, cerca de 800 pessoas. Entre dezembro de 2008 e janeiro deste ano, a empresa tentou dar férias coletivas.
(ROBERTO MADUREIRA)


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