Ribeirão Preto, Sexta-feira, 12 de Junho de 2009

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Dárcy enfrenta oposição à desapropriação

Prefeita tenta convencer os moradores da Vila Virgínia da necessidade de retirá-los das casas que são alvos de enchentes

Moradores temem ser obrigados a trocar suas casas na região central de Ribeirão Preto por imóveis populares na periferia

Silva Junior/Folha Imagem
Sob chuva, a prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera, conversa com alguns moradores da Vila Virgínia na avenida Álvaro de Lima

VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (DEM), enfrentou resistência dos moradores da avenida Álvaro de Lima, na Vila Virgínia, ao anunciar ontem o projeto de desapropriação de imóveis no bairro, uma das regiões mais atingidas por enchentes na cidade.
O governo municipal ainda não definiu quais imóveis serão desapropriados, mas as construções da avenida devem ser atingidas. Segundo Dárcy, o levantamento da área afetada pelas enchentes começa a ser feito na segunda-feira.
"Sei que, se você for dar para a gente, vai ser casa de Cohab [Companhia Habitacional Regional de Ribeirão Preto]. E aqui a gente está a 15 minutos do centro", disse à prefeita uma das moradoras mais antigas do bairro, que pediu para não ser identificada.
A frase da moradora resume o sentimento da população do bairro, que teme ser indenizada pela prefeitura com casas populares, construídas na periferia da cidade.
Por outro lado, os moradores acham que, se o governo decidir indenizá-los em dinheiro, o valor pode ser insuficiente para a compra de um imóvel na região mais central da cidade.
"O valor venal da minha casa é R$ 23 mil. Se eles me pagarem isso e pedirem para eu sair daqui, onde eu vou morar?", disse a enfermeira Cristina Bitar, 40, que investiu cerca de R$ 70 mil para transformar sua casa na Álvaro de Lima em sobrado.
O projeto de desapropriar imóveis na Vila Virgínia faz parte do plano de combate às enchentes da prefeitura. O dinheiro para indenizações ou construção de casas populares será pleiteado junto ao governo do Estado.
Segundo a prefeita, embora o processo de desapropriação possa levar mais de 18 meses para ser concluído, é preciso conseguir a verba para indenizar os moradores ainda neste ano. A intenção do governo é evitar as barreiras da legislação em 2010, quando o repasse de recursos federais e estaduais aos municípios será restrito por causa das eleições.
Moradores da Vila Virgínia foram convidados a indicar cinco representantes para acompanhar o levantamento que vai apontar quais imóveis serão desapropriados. Além da Álvaro de Lima, as ruas Miguel Couto e Ângelo Mestriner costumam ser atingidas.
Representantes da Câmara, da Defensoria Pública e do projeto Moradia Legal, voltado à remoção e urbanização de favelas, também serão convidados a acompanhar o processo de desapropriação.
Dárcy justificou sua visita ao bairro como uma forma de "dar voz" aos moradores no processo de desapropriação. Durante todo o tempo tentou convencer os mais arredios da necessidade da medida. "Quando é que você viu aqui algum prefeito discutindo com os moradores o que se deve fazer?"
Questionada pela Folha sobre os possíveis desgastes políticos da desapropriação, Dárcy disse que os desgastes são naturais "a toda pessoa pública".
"Mas a gente tem que resolver um problema que há 80 anos incomoda a população."


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