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Região perde R$ 1,06 bilhão em exportações neste ano
Em relação a 2008, queda no acumulado de janeiro a outubro das 10 cidades é de 21%
Araraquara e Matão, cidades que tem o suco de laranja como carro-chefe de suas vendas para o exterior, lideraram as perdas
JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO
A queda nas exportações causadas pela crise econômica e
pela desvalorização do dólar
provocou, entre janeiro e outubro deste ano, uma perda de R$
1,065 bilhão nas vendas externas das dez maiores cidades da
região, na comparação com o
mesmo período de 2008.
Segundo dados da Secretaria
de Comércio Exterior, nos dez
primeiros meses deste ano foram vendidos R$ 4,05 bilhões
ao exterior, queda de 21% em
relação aos R$ 5,11 bilhões embarcados no período em 2008.
Maior exportadora da região,
Araraquara liderou as perdas,
com R$ 296 milhões a menos
em vendas. Em Matão, segunda
no ranking, a diferença negativa foi de R$ 153 milhões.
Os dois municípios têm em
comum o fato de suas exportações serem dominadas pelo suco de laranja e outros derivados
da fruta.
Segundo Christian Lohbauer, presidente da Citrus BR,
entidade que representa as indústrias de suco de laranja, o
produto teve, em 2009, seu menor preço médio nos últimos
dez anos.
"Estruturalmente, o consumo vem caindo há muito tempo, mas neste ano tivemos um
aspecto da conjuntura: o excesso de estoque. Teve muito suco
disponível e a demanda não
cresceu", diz Lohbauer.
Se as cidades dependentes do
suco de laranja sofrem com a
baixa cotação do produto, os
derivados da cana-de-açúcar
têm sido responsáveis por
manter positivos os números
das exportações de Sertãozinho, Jaboticabal e Ribeirão.
Entre as dez maiores, as três
são as únicas que não tiveram
queda no comércio internacional neste ano.
O impulso nas vendas tem
vindo principalmente do açúcar, que neste ano se beneficiou
da quebra da safra na Índia e teve sua cotação elevada no mercado internacional.
Para o coordenador do Núcleo de Comércio Exterior do
Ciesp (Centro das Indústrias
do Estado de São Paulo) de Ribeirão, Rodrigo Faleiros, além
da saída de competidores do
mercado, o açúcar se beneficiou de uma maior diversificação entre seus compradores.
"O açúcar se sustentou por
não depender dos mercados
convencionais, a Europa e Estados Unidos, e ser vendido para vários lugares da Ásia, África
e Oriente Médio", disse o coordenador do Ciesp.
Após a queda acentuada na
demanda durante o período
mais agudo da crise, no início
do ano, o que vem prejudicando
as exportações no momento é a
valorização do real frente ao
dólar, de acordo com Faleiros.
Com a queda no valor da
moeda americana, os produtos
brasileiros se tornam mais caros no exterior, já que é necessário uma maior quantidade de
dólares para obtê-los.
Segundo Faleiros, essa perda
de competitividade das mercadorias nacionais deve continuar nos próximos meses. O
risco, segundo ele, é que as empresas percam mercados conquistados recentemente.
Além da laranja e da cana, outros setores importantes para a
economia da região também
têm puxado para baixo as exportações da região.
São os casos da indústria de
máquinas e equipamentos de
São Carlos e da indústria calçadista de Franca.
São Carlos, por exemplo,
acumula, neste ano, a segunda
maior queda nas vendas ao exterior. De janeiro a outubro, foram R$ 248 milhões a menos.
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