Ribeirão Preto, Quinta-feira, 12 de Novembro de 2009

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Região perde R$ 1,06 bilhão em exportações neste ano

Em relação a 2008, queda no acumulado de janeiro a outubro das 10 cidades é de 21%

Araraquara e Matão, cidades que tem o suco de laranja como carro-chefe de suas vendas para o exterior, lideraram as perdas


JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO

A queda nas exportações causadas pela crise econômica e pela desvalorização do dólar provocou, entre janeiro e outubro deste ano, uma perda de R$ 1,065 bilhão nas vendas externas das dez maiores cidades da região, na comparação com o mesmo período de 2008.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, nos dez primeiros meses deste ano foram vendidos R$ 4,05 bilhões ao exterior, queda de 21% em relação aos R$ 5,11 bilhões embarcados no período em 2008.
Maior exportadora da região, Araraquara liderou as perdas, com R$ 296 milhões a menos em vendas. Em Matão, segunda no ranking, a diferença negativa foi de R$ 153 milhões.
Os dois municípios têm em comum o fato de suas exportações serem dominadas pelo suco de laranja e outros derivados da fruta.
Segundo Christian Lohbauer, presidente da Citrus BR, entidade que representa as indústrias de suco de laranja, o produto teve, em 2009, seu menor preço médio nos últimos dez anos.
"Estruturalmente, o consumo vem caindo há muito tempo, mas neste ano tivemos um aspecto da conjuntura: o excesso de estoque. Teve muito suco disponível e a demanda não cresceu", diz Lohbauer.
Se as cidades dependentes do suco de laranja sofrem com a baixa cotação do produto, os derivados da cana-de-açúcar têm sido responsáveis por manter positivos os números das exportações de Sertãozinho, Jaboticabal e Ribeirão. Entre as dez maiores, as três são as únicas que não tiveram queda no comércio internacional neste ano.
O impulso nas vendas tem vindo principalmente do açúcar, que neste ano se beneficiou da quebra da safra na Índia e teve sua cotação elevada no mercado internacional.
Para o coordenador do Núcleo de Comércio Exterior do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Ribeirão, Rodrigo Faleiros, além da saída de competidores do mercado, o açúcar se beneficiou de uma maior diversificação entre seus compradores.
"O açúcar se sustentou por não depender dos mercados convencionais, a Europa e Estados Unidos, e ser vendido para vários lugares da Ásia, África e Oriente Médio", disse o coordenador do Ciesp.
Após a queda acentuada na demanda durante o período mais agudo da crise, no início do ano, o que vem prejudicando as exportações no momento é a valorização do real frente ao dólar, de acordo com Faleiros.
Com a queda no valor da moeda americana, os produtos brasileiros se tornam mais caros no exterior, já que é necessário uma maior quantidade de dólares para obtê-los.
Segundo Faleiros, essa perda de competitividade das mercadorias nacionais deve continuar nos próximos meses. O risco, segundo ele, é que as empresas percam mercados conquistados recentemente.
Além da laranja e da cana, outros setores importantes para a economia da região também têm puxado para baixo as exportações da região.
São os casos da indústria de máquinas e equipamentos de São Carlos e da indústria calçadista de Franca.
São Carlos, por exemplo, acumula, neste ano, a segunda maior queda nas vendas ao exterior. De janeiro a outubro, foram R$ 248 milhões a menos.


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