Ribeirão Preto, Sexta-feira, 12 de Dezembro de 2008

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Ônibus perdem 1 milhão de viagens em 1 ano

Número de passagens vendidas no transporte coletivo de Ribeirão caiu de 54,7 milhões em 2007 para 53,7 milhões neste ano

Um dos principais motivos da queda é a facilidade de compra de carros e motos, diz o superintendente da Transerp, Antonio Muniz

Silva Junior/Folha Imagem
Em ônibus quase vazio, passageiro observa a passagem de moto e carros na av. Francisco Junqueira, na área central de Ribeirãol

LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Em apenas um ano, o transporte coletivo urbano de Ribeirão Preto perdeu 1 milhão de viagens: entre 2007 e 2008, o número de passagens vendidas caiu de 54,7 milhões para 53,7 milhões, segundo dados da Transerp (Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto S.A.).
Um dos principais motivos da queda é a facilidade de compra de carros e motos. Segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), as ruas da cidade ganharam no período 28 mil veículos de passeio - principalmente carros e motos (veja quadro nesta página).
"O cidadão que usava ônibus percebeu que pode comprar o veículo próprio", disse Antonio Carlos Muniz, superintendente da Transerp. "Se a cidade ganhou 10 mil motos, são pelo menos 20 mil viagens a menos, por dia, no transporte público."
Para as empresas permissionárias, o sinal amarelo já está aceso. "Há uma grande preocupação no setor. O total de passageiros está diminuindo, lentamente, mas está diminuindo", disse Carlos Roberto Cherulli, diretor da Transurb (Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano).
A solução, segundo ele, é agilizar o percurso do ônibus através de corredores nas vias. "O cidadão reclama que a viagem demora demais, mas demora porque o ônibus pára no trânsito. Precisamos sentar com a prefeita eleita [Dárcy Vera, do DEM] e discutir o assunto."
A descentralização dos serviços básicos -agências bancárias e clínicas médicas- também colabora para a queda nas passagens, afirmam os especialistas. "Hoje qualquer bairro tem escola, creche, hospital, comércio. O cidadão não precisa mais ir ao centro da cidade para isso", disse Cherulli.
Para o professor de engenharia José Bernardes Felex, especialista em transporte, o ribeirão-pretano "está se arranjando". "A população que era cativa do transporte coletivo está se arranjando para ficar mais perto do local de trabalho."
Outro ponto que contribui para a debandada dos usuários, segundo os próprios passageiros, é o preço da tarifa. Levantamento feito pela ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) mostra que a tarifa do ônibus de Ribeirão -R$ 2,20- é a segunda mais cara do Brasil, numa lista que inclui as capitais e municípios com mais de 500 mil habitantes.
À frente de Ribeirão estão oito cidades, mas todas com tarifa de R$ 2,30, ou apenas R$ 0,10 a mais que Ribeirão. Para Cherulli, o preço cobrado em Ribeirão é baixo pelo porte e nível da cidade e a falta de subsídio da prefeitura.


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