Ribeirão Preto, Terça-feira, 13 de Abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Juiz condena mãe e padrasto de Pedrinho

Casal de Ribeirão foi considerado culpado por maus-tratos que levaram à morte garoto de cinco anos em junho de 2008

Sentença de sete anos não agradou nem à Promotoria nem ao advogado do casal; os dois lados vão recorrer ao Tribunal de Justiça

Fábio Melo-28.ago.08/"Gazeta Ribeirão"
Kátia Marques e Juliano Gunello deixam 1º Distrito Policial de Ribeirão, após depoimento sobre morte do menino Pedro Henrique

PAULO GODOY
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO

A Justiça de Ribeirão Preto condenou a sete anos de prisão por maus-tratos seguidos de morte o casal Kátia Marques, 34, e Juliano Gunello, 39, respectivamente mãe e padrasto do garoto Pedro Henrique Marques Rodrigues, 5.
O menino morreu no dia 12 de junho de 2008, vítima de embolia pulmonar em decorrência de traumatismos causados por violência.
Na sentença, publicada ontem, o juiz Sylvio Ribeiro de Souza Neto não acatou o pedido de condenação por tortura feito pelo Ministério Público. Defesa e Promotoria vão recorrer da decisão.
O "caso Pedrinho" teve grande repercussão na cidade, tanto pelo fato em si quanto pela proximidade com o caso da garota Isabela Nardoni, que morreu em 29 de março do mesmo ano ao ser jogada do sexto andar de um apartamento em São Paulo.
Pedrinho vivia com a mãe, Kátia, e o padrasto, em um condomínio na zona leste de Ribeirão; o pai biológico, Odair Donizete Rodrigues, é policial militar e mora em Araraquara.
No dia 12 de junho, por volta das 11h, o menino foi levado ao Hospital Santa Lídia com parada cardíaca e ferimento no punho do braço direito. Morreu 45 minutos depois.
Ainda no hospital, a mãe disse que a criança tinha ingerido e se intoxicado com Semorin, um produto químico usado para limpeza. À delegada Maria Beatriz Moura Campos, na época, o casal negou que tivesse cometido qualquer violência contra o garoto. Mesmo assim, a polícia chegou a pedir a prisão temporária dos dois, o que foi negado pela Justiça.
Dias depois, a delegada mudou a tipificação no inquérito: de morte suspeita, o caso passou a ser tratado como homicídio, tendo Kátia e Juliano como únicos suspeitos.
Um laudo divulgado na semana seguinte pelo Departamento de Patologia do Hospital das Clínicas da USP apontou que Pedrinho morreu vítima de embolia gordurosa causada pela fratura no punho. A versão de Kátia foi descartada pela equipe de nove peritos, que não encontrou sinal de intoxicação por Semorin.
A mãe também sugeriu que a fratura tivesse sido causada durante o deslocamento de ambulância para a unidade médica. Novamente, um laudo pericial desmentiu essa versão, atestando que a violência sofrida pelo menino tinha acontecido pelo menos 12 horas antes da entrada no hospital.
Segundo o promotor José Roberto Marques, laudos e depoimentos confirmam e evidenciam que Pedrinho sofreu tortura seguida de morte.
"Para mim, tortura não é apenas quando se arranca a unha de alguém. É preciso ver esse caso sob a ótica da vítima, uma criança que sofreu violência continuada durante muito tempo", disse o promotor.
Kátia e Juliano, que já aguardavam a sentença em liberdade, continuarão livres enquanto o Tribunal de Justiça não julgar os recursos. Se o TJ acatar o recurso da Promotoria, a pena poderá chegar a nove anos e seis meses de prisão em regime fechado.


Texto Anterior: Painel Regional
Próximo Texto: Outro lado: Condenação e pena foram excessivas, diz defesa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.