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Dengue em Ribeirão supera total de 10 anos
De 2000 a 2009, a cidade teve 16.553 casos confirmados, ante 16.623 registros positivos apenas na epidemia deste ano
Secretaria da Saúde de Ribeirão afirma que a transmissão persistente e contínua nos últimos anos é fator que mais preocupa
HÉLIA ARAUJO
DA FOLHA RIBEIRÃO
O número de casos de dengue neste ano em Ribeirão Preto já é maior que o total de confirmações dos últimos dez anos
no município. De 2000 até o
ano passado, Ribeirão confirmou 16.553 casos da doença,
ante 16.623 registros positivos
na epidemia deste ano.
Para a chefe da Vigilância em
Saúde de Ribeirão, Maria Luiza
Santa Maria, pior do que o
grande número de casos registrados em 2010 é a "hiperendemia" -transmissão intensa e
persistente- que acontece há
três anos no município.
"A hiperendemia mostra que
desde 2007 temos aumento
nos casos e as confirmações são
registradas durante todos os
meses do ano."
O secretário interino da Saúde de Ribeirão, Stênio Correia
Miranda, disse que a epidemia
da doença na cidade tem diversos fatores, entre eles o aumento populacional, a qualidade do
diagnóstico e o tempo quente e
úmido dos últimos meses.
"Mas o principal deles foi a
volta do vírus tipo 1, que desde a
década de 80 não se manifestava na cidade. Muitas pessoas
estavam suscetíveis e acabaram ficando doentes."
De acordo com o infectologista Ivo Castelo Branco Coelho, consultor da OMS (Organização Mundial da Saúde), outro
fator que pode contribuir para
o aumento do número de casos
é que algumas pessoas já tiveram a doença em anos anteriores, mas, como não tinham sintomas fortes, não foram diagnosticadas de maneira correta.
"Quando a pessoa pega dengue pela primeira vez, os sintomas são mais leves e alguns
nem percebem a doença. No
entanto, quanto mais vezes pegar, mais fortes ficam os sintomas, podendo, inclusive, evoluir para dengue hemorrágica.
Então a cada ano mais casos são
diagnosticados", disse Coelho.
Apesar do novo recorde da
doença registrado neste ano
em Ribeirão, a prefeitura diz
que pode haver uma hipernotificação, já que não são feitos
exames laboratoriais que comprovem a doença.
Na segunda-feira, a prefeita
Dárcy Vera (DEM) comentou
com a imprensa que avaliava
como superestimados os números. "Como, por indicação
do Ministério da Saúde, paramos de fazer os exames, todo
mundo com sintomas [de dengue], que podem ser o de uma
virose, acabam sendo tratados
como dengue", disse.
Apesar disso, Dárcy disse que
o número de casos de dengue
na cidade "é muito alto sim" e
que a prefeitura estava tomando as medidas necessárias para
combater a doença.
Cinco pessoas morreram vítimas da dengue neste ano no
município e outras quatro na
região. Um outro caso é investigado em Barrinha.
Uma menina de dez anos
morreu na última segunda, no
pronto-socorro, com sintomas
da doença. A causa da morte
ainda está sendo analisada.
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