Ribeirão Preto, Quinta-feira, 13 de Maio de 2010

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Dengue em Ribeirão supera total de 10 anos

De 2000 a 2009, a cidade teve 16.553 casos confirmados, ante 16.623 registros positivos apenas na epidemia deste ano

Secretaria da Saúde de Ribeirão afirma que a transmissão persistente e contínua nos últimos anos é fator que mais preocupa


HÉLIA ARAUJO
DA FOLHA RIBEIRÃO

O número de casos de dengue neste ano em Ribeirão Preto já é maior que o total de confirmações dos últimos dez anos no município. De 2000 até o ano passado, Ribeirão confirmou 16.553 casos da doença, ante 16.623 registros positivos na epidemia deste ano.
Para a chefe da Vigilância em Saúde de Ribeirão, Maria Luiza Santa Maria, pior do que o grande número de casos registrados em 2010 é a "hiperendemia" -transmissão intensa e persistente- que acontece há três anos no município.
"A hiperendemia mostra que desde 2007 temos aumento nos casos e as confirmações são registradas durante todos os meses do ano."
O secretário interino da Saúde de Ribeirão, Stênio Correia Miranda, disse que a epidemia da doença na cidade tem diversos fatores, entre eles o aumento populacional, a qualidade do diagnóstico e o tempo quente e úmido dos últimos meses.
"Mas o principal deles foi a volta do vírus tipo 1, que desde a década de 80 não se manifestava na cidade. Muitas pessoas estavam suscetíveis e acabaram ficando doentes."
De acordo com o infectologista Ivo Castelo Branco Coelho, consultor da OMS (Organização Mundial da Saúde), outro fator que pode contribuir para o aumento do número de casos é que algumas pessoas já tiveram a doença em anos anteriores, mas, como não tinham sintomas fortes, não foram diagnosticadas de maneira correta.
"Quando a pessoa pega dengue pela primeira vez, os sintomas são mais leves e alguns nem percebem a doença. No entanto, quanto mais vezes pegar, mais fortes ficam os sintomas, podendo, inclusive, evoluir para dengue hemorrágica. Então a cada ano mais casos são diagnosticados", disse Coelho.
Apesar do novo recorde da doença registrado neste ano em Ribeirão, a prefeitura diz que pode haver uma hipernotificação, já que não são feitos exames laboratoriais que comprovem a doença.
Na segunda-feira, a prefeita Dárcy Vera (DEM) comentou com a imprensa que avaliava como superestimados os números. "Como, por indicação do Ministério da Saúde, paramos de fazer os exames, todo mundo com sintomas [de dengue], que podem ser o de uma virose, acabam sendo tratados como dengue", disse.
Apesar disso, Dárcy disse que o número de casos de dengue na cidade "é muito alto sim" e que a prefeitura estava tomando as medidas necessárias para combater a doença.
Cinco pessoas morreram vítimas da dengue neste ano no município e outras quatro na região. Um outro caso é investigado em Barrinha.
Uma menina de dez anos morreu na última segunda, no pronto-socorro, com sintomas da doença. A causa da morte ainda está sendo analisada.


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