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Ministério orienta mudança no plantio por causa do clima
Objetivo é evitar que condições climáticas provoquem perdas em culturas como arroz, feijão, milho e soja
Comissão científica foi criada pelo ministro da Agricultura com intuito de auxiliar produtores; plantio pode ter atraso
ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO
O Ministério da Agricultura constituiu uma comissão
de cientistas para orientar os
produtores sobre mudança
de época para plantio das safras futuras, principalmente
de alimentos como arroz, feijão, milho, trigo e soja.
A intenção, de acordo com
o ministro Wagner Rossi, é
evitar perdas causadas pelas
condições climáticas, em especial a falta de chuvas para
as culturas mais dependentes de umidade.
A comissão que indicará
períodos mais adequados para plantio terá pesquisadores
da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), da Conab (Companhia
Nacional de Abastecimento)
e do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
"Os cientistas farão a avaliação das circunstâncias
que os fenômenos climáticos
estão impondo ao país e, depois, farão recomendações
que serão retransmitidas aos
produtores", disse Rossi.
De acordo com o ministro,
a perspectiva é que o plantio
de diversas culturas tenha de
ser retardado. "Para a maioria dos produtos plantados
anualmente é fundamental
que se tenha chuva. Do contrário, perdem-se sementes,
trabalho, tudo", afirmou.
Os principais fenômenos
climáticos que influenciam a
agricultura são conhecidos
como El Niño e La Niña.
Segundo o professor de
agropecuária e climatologia
agrícola Cristiano Nunes dos
Santos, do Instituto Federal
Farroupilha, no Rio Grande
do Sul, os fenômenos provocam alterações nas chuvas e
têm sido mais constantes nas
duas últimas décadas.
"O El Niño provoca chuvas
no Sul e seca no Nordeste e a
La Niña, o contrário."
DEPENDÊNCIA
A agricultura brasileira
tem se tornado cada vez mais
dependente da presença ou
não da água na safra. Isso se
deve a modificações genéticas de algumas culturas.
Conforme o professor de
climatologia agrícola, variedades de soja, milho e arroz
-mais dependentes da luz
do dia para florescer- têm
sofrido maior influência das
condições de chuva com o
passar dos anos.
"Tradicionalmente, a soja
se planta na saída do inverno
para que floresça no meio do
verão. É o que chamamos de
cultura de dia curto, porque
precisa de menos horas de
luz do sol para crescer", afirmou o pesquisador.
Ele destaca, porém, que
esse quadro tem mudado
com a tecnologia. "A cultura
está geneticamente deixando de ser tão suscetível às
condições de luz e ficando
mais ligada à presença ou
não de água", afirmou.
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