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Medo é o maior obstáculo
do enviado especial
O medo de ter a propriedade
desapropriada após a descoberta dos artefatos arqueológicos é apontado por pesquisadores como o maior obstáculo
à reconstrução da vida do homem pré-histórico.
Para a arqueóloga Silvia Maranca, da USP, grande parte
dos artefatos fica sob o cuidado
de fazendeiros e sitiantes.
"Isso é um erro. Nós conversamos com o dono e, se necessário, fazemos a escavação
após a colheita. A área é devolvida do mesmo jeito", afirma.
Silvia também é conselheira
do Condephaat (Conselho de
Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e
Turístico do Estado de São
Paulo).
"É estranho que nunca tenhamos registrado descobertas em Brodósqui, Bebedouro
e Catanduva, que eram locais
propícios para a vida do homem pré-histórico", disse.
A pesquisadora faz a análise
de potencial com base na paisagem da região. São locais
com mata, rios e serras.
Segundo Silvia, o esclarecimento sobre o trabalho dos arqueólogos pode contribuir para aumentar o acervo de peças
recuperadas.
Em Cajuru, por exemplo, as
três urnas foram retiradas no
mesmo dia, com apoio da Usina Amália, dona da área onde
estavam enterradas as peças.
Funcionários avisaram o administrador da fazenda, que
comunicou a USP. A usina ainda forneceu veículo para o
transporte da peça.
"Já verifiquei a área e não
achamos mais indícios, mas isso não quer dizer que não tenha mais nada ali. A área foi
liberada", afirma ela.
Segundo a pesquisadora, as
grandes escavações saíram de
uso. Deram lugar aos trabalhos
direcionados, como forma de
contenção de custo e tempo.
Em Cajuru, a arqueóloga somente encontrou as urnas porque o trator da usina escavou
um buraco com um metro de
profundidade.
Normalmente, um arado
usado para preparar o terreno
para o plantio da cana-de-açúcar atinge, no máximo, 40 centímetros abaixo do solo, segundo a arqueóloga.
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