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Financeiras retomam seis carros por dia em Ribeirão
Veículos são apreendidos, por ordem da Justiça, por atraso nos pagamentos
Em um ano, pedidos de busca e apreensão têm aumento de 20%: passam de 1.931 em 2008 para 2.321 no ano passado
JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO
O sonho do carro zero-quilômetro ou seminovo bateu de
frente com a falta de dinheiro
para milhares de consumidores de Ribeirão Preto no ano
passado. Resultado: por atrasos no pagamento do financiamento, seis veículos, em média, foram alvos de busca e
apreensão por dia na cidade.
No total, 2.321 pedidos de
retomada de veículos financiados foram feitos à Justiça
de Ribeirão no período, segundo levantamento do Instituto
de Pesquisas Sociais da ACI-RP (Associação Comercial e
Industrial de Ribeirão Preto).
Na comparação com o ano anterior, os pedidos de busca e
apreensão cresceram 20%
-em 2008, foram 1.931.
As estatísticas incluem somente contratos de financiamento com alienação fiduciária. Nesse tipo de transação, o
banco é, de fato, o proprietário
do automóvel até que o consumidor termine de pagar as parcelas que assumiu.
A garantia de pagamento, no
caso, é o próprio bem adquirido
e, quando o pagamento é interrompido, o banco tem o direito
de pedir "seu" veículo de volta.
A quantidade de parcelas
com atraso necessárias para o
pedido de devolução varia de
acordo com o agente financeiro, mas 90 dias de inadimplência é o prazo padrão para desencadear a ação, segundo especialistas do setor.
De acordo com o diretor do
cartório da 5ª Vara Cível de Ribeirão, Hamilton Vieira de Matos, o trâmite entre o pedido e o
despacho da ordem de busca e
apreensão é rápido -leva menos de 48 horas.
Com a autorização judicial
em mãos, os oficiais de Justiça
conseguem localizar e apreender os veículos em 80% dos casos, em média, segundo Matos.
De acordo com o presidente
da Boanerges e Cia. Consultoria em Varejo Financeiro, Boanerges Ramos Freire, a alienação fiduciária foi o instrumento
financeiro que tornou possível
a prática de juros baixos e financiamentos mais longos para a compra de veículos.
A busca e apreensão por
meio judicial, segundo ele, é a
segunda medida tomada pelas
financiadoras. "Em geral, primeiro é tentado um acordo.
Não é agradável e desejável para elas retomar os veículos judicialmente", afirmou Freire.
O aumento de pedidos de
busca e apreensão, segundo ele,
é consequência de vendas crescentes de automóveis. No ano
passado, Ribeirão teve recorde
de venda de veículos.
Segundo o advogado Wilson
Guimarães, representante de
clientes que tentam evitar a retomada dos veículos, a maior
parte dos consumidores também tenta renegociar a dívida.
O maior obstáculo para isso é
que, uma vez tomado pelas financiadoras, o veículo só pode
ser retomado pelos clientes ao
final do financiamento, quando
a dívida é quitada.
"Isso dificulta muito. Normalmente o cliente quer jogar
as parcelas atrasadas para o final e continuar com o carro dele", afirmou Guimarães.
Indicadas por agentes financiadores como representantes
da categoria, a Acref (Associação Nacional das Instituições
de Crédito, Financiamento e
Investimento) e a Anef (Associação Nacional das Empresas
Financeiras das Montadoras)
não quiseram se pronunciar.
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