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CRIME ORGANIZADO
Queda em Morro Agudo leva policiais a suspeitarem do uso da aeronave no transporte de drogas
Queda de avião pode ter elo com tráfico
ANNA REGINA TOMICIOLI
enviada especial a Morro Agudo
A polícia de Morro Agudo está
investigando a queda de um avião
monomotor, prefixo PT-EQN, e o
tráfico de drogas na região de Ribeirão Preto.
O avião caiu anteontem, por
volta das 17h, em uma pista de
pouso não homologada na Fazenda Cinco Irmãos, a cerca de 6 km
da cidade.
A polícia só foi informada da
queda ontem pela manhã por trabalhadores rurais que passaram
pelo local e encontraram a aeronave no meio do canavial.
A CPI do Narcotráfico da Assembléia informou que vai investigar a possível utilização do avião
que caiu em Morro Agudo no tráfico de drogas.
De acordo com a CPI, foram
identificadas 69 pistas clandestinas em 26 municípios da região
de Ribeirão Preto.
Todas, segundo a CPI, são usadas para o transporte ilegal de
drogas.
O delegado da Polícia Civil de
Morro Agudo, João Batistussi Neto, prevê dificuldades nas investigações devido ao intervalo de
tempo entre a queda e a chegada
da polícia ao local.
"Se tivesse alguma carga no
avião, deu tempo para que ela fosse removida", disse o delegado,
que está investigando se a aeronave estava sendo usada para o
transporte de entorpecentes ou
outra mercadoria ilícita.
Ele informou também que a pista é usada por usinas para aviação
agrícola.
O proprietário do avião, Marcos
Alberto Ribeiro Baião, 35, morador de São José do Rio Preto, informou que só o piloto, conhecido como Anderson, estava no
avião e que ele não sofreu ferimentos.
Até o início da noite de ontem,
Anderson não havia sido encontrado. Baião informou à polícia
que teria feito um contato com o
piloto, também residente em São
José do Rio Preto, por telefone,
mas não se lembrava o número.
O proprietário disse à polícia
que a queda do monomotor foi
causada pelo superaquecimento
nos motores, que obrigou o piloto
a fazer um pouso forçado.
Baião disse ao delegado que,
quando o avião foi pousar, os
trens de pouso não funcionaram e
a aeronave bateu no chão e rodopiou na pista.
Baião foi liberado após prestar
depoimento. O delegado responsável pelo caso abriu inquérito para apurar as causas do acidente e
se houve algum crime.
O delegado de Morro Agudo informou que, no dia 25 de fevereiro de 1999, um avião bimotor caiu
no mesmo local onde ocorreu a
queda de anteontem.
Dois dias depois, um intenso
movimento no local chamou a
atenção de trabalhadores rurais,
que encontraram a aeronave e
acionaram a polícia. "A movimentação ocorreu porque estavam providenciando a remoção
da aeronave. Mas eles levantaram
suspeitas", disse Batistussi.
Na ocasião, a polícia encontrou
resíduos de cocaína no carpete do
avião, que estava sem os bancos, o
que, segundo o delegado, é uma
prática comum em aeronaves
usadas no transporte de entorpecentes.
O proprietário do bimotor, Luiz
Ricardo Medeiros, de Ribeirão, e
o piloto, Carlos Alberto Castelli,
de Penápolis, negaram o envolvimento com o tráfico durante depoimento. Eles alegaram que o
avião estava voltando de uma oficina em Penápolis e indo para
Franca, onde ficaria à disposição
do proprietário.
Nos últimos três anos, a polícia
apreendeu aproximadamente
meia tonelada de drogas que chegou a região por via aérea.
Segundo o deputado Renato Simões (PT), da CPI, esse tipo de
transporte é muito utilizado devido à falta de fiscalização do espaço aéreo no estado.
"Os traficantes utilizam pequenos aviões, geralmente monomotores ou bimotores, que voam
baixo e dificilmente são detectados por radares", disse.
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