Ribeirão Preto, Sábado, 14 de Maio de 2011

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Estudo diz que 80% da população de Ribeirão nunca teve dengue

Pesquisador diz que resultado indica que há um grande número de pessoas suscetíveis à doença

Com 10.350 casos registrados da doença desde janeiro, cidade tem a 2ª maior epidemia de sua história


Silva Junior/Folhapress
O técnico de laboratório da USP Danilo Esposito manipula teste rápido para dengue no Centro de Pesquisa de Virologia

ANA SOUSA
DE RIBEIRÃO PRETO

Dados preliminares de um "mapeamento biológico" da USP apontam que aproximadamente 80% da população de Ribeirão Preto nunca contraiu dengue.
A análise, feita em parceria com a Secretaria da Saúde, foi baseada em amostras de sangue de 4.500 pessoas colhidas em cinco unidades distritais de saúde do município, no final de 2008.
"Apesar de todas as epidemias, apenas 20% da população teve dengue. Isso indica que temos um grande número de pessoas suscetíveis à infecção", afirma o coordenador da pesquisa, Benedito Fonseca, da Faculdade de Medicina da USP.
O caso é mais grave ainda, pois Ribeirão registra neste ano 10.350 casos da doença. Já é a segunda pior epidemia da história da cidade -a primeira, foi em 2010, com 29.637 registros.
Até o final deste mês, cerca de 4.000 amostras já haviam sido analisadas. O resultado do estudo, segundo Fonseca, não deve ser alterado pelas outras 500 que devem ser analisadas até junho.
"Só com esse número que a gente já testou dá para ter uma boa análise do que aconteceu em Ribeirão."
Para determinar o impacto da dengue no município, os pesquisadores colheram amostras de pessoas com idade entre zero e 60 anos, de acordo uma análise prévia do censo demográfico mais atualizado na época.
No laboratório, investigaram a presença de um "marcador de infecção", um anticorpo que fica presente constantemente no organismo após a infecção pela doença.
Curiosamente, 20% das pessoas que haviam sido infectadas pela doença não se lembravam de terem tido dengue. "Em 80% dos casos a dengue é assintomática", diz o infectologista Gustavo Johanson, da Unifesp.
Para o especialista, o número revelado pela pesquisa não pode ser considerado surpreendente. Segundo ele, o fato de Ribeirão ter tido pelo menos quatro epidemias em duas décadas não influencia isoladamente o número de pessoas infectadas.
"Além de considerar a taxa de pessoas suscetíveis, é preciso analisar o índice de infestação do mosquito para ter uma radiografia local".
Assim que for concluída, a pesquisa deve servir para nortear projetos de combate e prevenção à dengue.
Segundo a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde, Maria Luiza Santa Maria, dados prévios da pesquisa fizeram com que o órgão concentrasse esforços na zona leste, onde a epidemia cresce. "Se depender de mim, deveremos repetir esse inquérito no ano que vem."


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