Afirmação é de economistas e empresários, que dizem que Ribeirão pode perder espaço se pensar "só no hoje"

Com 250 mil habitantes a menos que Ribeirão, Bauru "ostenta" dois aeroportos, um tido como "subutilizado"

Silva Junior/Folhapress

Vista do aeroclube de Bauru, usado só por pequenos aviões de instrução e táxis-aéreos

ARARIPE CASTILHO
ENVIADO ESPECIAL A BAURU

Internacionalizar o limitado Leite Lopes, como apregoa a prefeita Dárcy Vera (DEM), ou investir na construção de um novo aeroporto? Especialistas ouvidos pela Folha afirmam que Ribeirão Preto precisa fazer as duas coisas. E logo.
Se escolher apenas a primeira opção, mesmo com muito investimento, o aeroporto estará obsoleto novamente em poucos anos.
Conforme economistas, empresários e políticos, Ribeirão Preto tende a perder espaço no mercado aeroviário se a bandeira do segundo aeroporto só for empunhada quando a situação voltar a ficar estrangulada.
Isso porque uma nova estrutura pode levar décadas para ficar pronta. Bauru, a 208 km de Ribeirão e com 250 mil habitantes a menos, tem dois terminais para pouso e decolagem.
Mas, entre a proposta da construção e a entrega do novo aeroporto, em 2006, se passaram 27 anos. E, ao menos por enquanto, o terminal de quatro anos é subutilizado, chamado por alguns de "elefante branco" e seus usuários enfrentam muitos inconvenientes, conforme a Folha constatou no local.
Para Alberto Borges Matias, professor da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto), da USP, é uma "tendência natural" que a região necessite de outro aeroporto e de outra estação aeroviária nos próximos 15 anos.
"Acredito ser necessário resolver o problema atual, mas sem esquecer da demanda futura. Com o crescimento da cidade e da região, Ribeirão terá de conviver com dois aeroportos."
José Luiz Felício Filho, presidente da Passaredo, empresa ribeirão-pretana de aviação, concorda. "Atender a demanda de hoje é preciso, mas não basta para o futuro, num horizonte de 30 anos."
O Leite Lopes é o aeroporto do Daesp (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo) com a maior movimentação de passageiros. Em setembro deste ano, foram 54.716 embarques e desembarques no local.
Segundo no ranking, o terminal de São José do Rio Preto, que deve receber um novo aeroporto até 2017, movimentou 34.786 passageiros em setembro. Já em volume de carga, Rio Preto carregou e descarregou 51,4 toneladas, ante as 42,4 toneladas de Ribeirão.
A solução para estender a vida útil do Leite Lopes, no entanto, envolve também as famílias que vivem nas favelas do entorno.


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