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Indecisão "tortura" moradores de favela
Costureira pernambucana, que mora em área a ser desapropriada, vive há 13 anos indefinição sobre o futuro
Moradores do entorno do Leite Lopes temem sair e receber somente o valor venal dos imóveis, abaixo do valor real
DE RIBEIRÃO PRETO
A permanência ou a ampliação das atividades no
Leite Lopes, em Ribeirão,
não envolve apenas os números de voos ou potencial
de exportação das empresas
locais, mas também a retirada das famílias que se instalaram ao lado do aeroporto.
Apesar de a prefeitura já
ter anunciado a remoção de
alguns moradores da favela
da Mata, a indecisão ainda
"tortura" principalmente
aqueles que não sabem como
será o processo de desapropriação na região.
A costureira pernambucana Josefa Maria de Sá, 63,
mudou-se de São Paulo para
Ribeirão há 15 anos e comprou uma casa de 132 m2 ao
lado do aeroporto Leite Lopes. Ela ainda guarda a documentação.
Dois anos depois da compra, ela começou a ouvir que
os moradores daquela área
teriam de deixar o local. "São
13 anos sem saber o que vai
ser da vida", afirmou ela, que
mora com o neto de seis anos
e divide a propriedade com
uma ex-nora.
"As pessoas falam do barulho dos aviões, mas o que
tira o sono da gente mesmo é
não ter uma definição sobre
esse assunto. Penso em fazer
melhorias, mas não sei se
vão pagar o valor venal depois para me tirar daqui."
A situação é a mesma para
Camilo Damião Furtado das
Neves, 44, e sua mulher,
Alessandra dos Santos Fernandes, 32. O casal vive há
cinco anos com quatro filhos
na favela da Mata e espera
ganhar uma casa em outra
região da cidade.
"Só que a gente não tem
notícia de como vai ser, se vai
acontecer mesmo. Eu trabalho num ferro-velho a cinco
minutos daqui. Se sair daqui,
como fica o trabalho? Essas
coisas todas deixam todo
mundo preocupado."
O pedreiro José Maria Lacerda Pontes, 48, mora em
uma casa de alvenaria com a
mulher logo na entrada da
rua América, pela avenida
Thomaz Alberto Whately. O
drama dele é o mesmo da
costureira Josefa.
"Uma casa como a minha
hoje vale R$ 40 mil, mas se
me tirarem daqui pagando
valor venal vou receber R$
3.000, R$ 4.000. O que é que
a gente vai fazer com esse dinheiro?", questionou.
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