Ribeirão Preto, Domingo, 14 de Dezembro de 2008

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Café é a cultura com mais lavradores sem registro

Cana lidera em nº absoluto, mas proporcionalmente café fica à frente, diz ministério

Falta de equipamentos de proteção e de pausas, porém, ainda prejudicam o trabalho nos canaviais, de acordo com auditor

JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

Apesar de a cana-de-açúcar liderar em números absolutos o ranking de trabalhadores irregulares flagrados em blitze de fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego, é o café a cultura da região que, proporcionalmente, tem o maior índice de lavradores sem registro.
A conclusão baseia-se no balanço das fiscalizações rurais no Estado feitas pelo ministério entre janeiro e setembro deste ano. No café, dos 6.143 lavradores encontrados nas blitze, 1.592 estavam irregulares. Isso significa 25,9% -quase um a cada quatro trabalhadores sem registro em carteira.
Já na cana, entre 488.816 bóias-frias fiscalizados, 11.628 estavam irregulares, o que equivale a apenas 2,3% do total. Proporção baixa encontra-se também na laranja. Irregulares eram 3,4% dos 36.389 colhedores fiscalizados. Na pecuária, 7,7% dos trabalhadores estavam irregulares (leia texto nesta página).
Como conseqüência, a microrregião de Franca, uma das mais cafeeiras de São Paulo, é a primeira do Estado em trabalhadores ilegais. Em todo o Estado, foram 578.466 trabalhadores fiscalizados, sendo 18.095 deles ilegais (3,1%).
De acordo com o coordenador do grupo rural do ministério, Roberto Figueiredo, uma das explicações para o café ter tantos irregulares é que o empregador dessa mão-de-obra, em geral, é um pequeno produtor. "Por ser menor, ele tem menos poder de atender todas as normas", afirmou.
E, como a cana-de-açúcar, o transporte no café é ruim. "Como são menos trabalhadores, o produtor coloca todos em uma Kombi velha", disse.
Na microrregião, atuam de 3.500 a 4.000 produtores, de acordo com a Cocapec (Cooperativa de Agricultores e Agropecuaristas), que representa os cafeicultores. Segundo o diretor Ricardo de Andrade, a cafeicultura "tem feito melhorias em relação a registros". "Mas há muito trabalhador que não quer registro, porque negocia direto o preço", afirmou.
A cana ainda mantém problemas nas condições de trabalho, afirma Figueiredo, com falta de equipamentos de produção individual e pausas no trabalho. Segundo o diretor regional da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Sérgio Prado, a orientação é que os usineiros cumpram a lei.


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