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Café é a cultura com mais lavradores sem registro
Cana lidera em nº absoluto, mas proporcionalmente café fica à frente, diz ministério
Falta de equipamentos de proteção e de pausas, porém, ainda prejudicam
o trabalho nos canaviais,
de acordo com auditor
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
Apesar de a cana-de-açúcar
liderar em números absolutos
o ranking de trabalhadores irregulares flagrados em blitze de
fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego, é o café a cultura da região que, proporcionalmente, tem o maior índice de
lavradores sem registro.
A conclusão baseia-se no balanço das fiscalizações rurais
no Estado feitas pelo ministério entre janeiro e setembro
deste ano. No café, dos 6.143 lavradores encontrados nas blitze, 1.592 estavam irregulares.
Isso significa 25,9% -quase um
a cada quatro trabalhadores
sem registro em carteira.
Já na cana, entre 488.816
bóias-frias fiscalizados, 11.628
estavam irregulares, o que
equivale a apenas 2,3% do total.
Proporção baixa encontra-se
também na laranja. Irregulares
eram 3,4% dos 36.389 colhedores fiscalizados. Na pecuária,
7,7% dos trabalhadores estavam irregulares (leia texto nesta página).
Como conseqüência, a microrregião de Franca, uma das
mais cafeeiras de São Paulo, é a
primeira do Estado em trabalhadores ilegais. Em todo o Estado, foram 578.466 trabalhadores fiscalizados, sendo
18.095 deles ilegais (3,1%).
De acordo com o coordenador do grupo rural do ministério, Roberto Figueiredo, uma
das explicações para o café ter
tantos irregulares é que o empregador dessa mão-de-obra,
em geral, é um pequeno produtor. "Por ser menor, ele tem
menos poder de atender todas
as normas", afirmou.
E, como a cana-de-açúcar, o
transporte no café é ruim. "Como são menos trabalhadores, o
produtor coloca todos em uma
Kombi velha", disse.
Na microrregião, atuam de
3.500 a 4.000 produtores, de
acordo com a Cocapec (Cooperativa de Agricultores e Agropecuaristas), que representa os
cafeicultores. Segundo o diretor Ricardo de Andrade, a cafeicultura "tem feito melhorias
em relação a registros". "Mas
há muito trabalhador que não
quer registro, porque negocia
direto o preço", afirmou.
A cana ainda mantém problemas nas condições de trabalho, afirma Figueiredo, com falta de equipamentos de produção individual e pausas no trabalho. Segundo o diretor regional da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Sérgio
Prado, a orientação é que os
usineiros cumpram a lei.
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