Ribeirão Preto, Domingo, 16 de Janeiro de 2011

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Cidade resgata UBE de Mário de Andrade

Entidade de escritores, que já atraiu nomes como Sérgio Milliet e Oswald de Andrade, fará congresso em Ribeirão

Liberdade de expressão, tema de 1945 e 1985, ainda está ameaçada e mantém-se na pauta, afirma Menalton Braff

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

Em 1945, no primeiro governo Getúlio Vargas, escritores como Oswald de Andrade, Jorge Amado e Sérgio Milliet redigiram um protesto pelo livre pensamento. Quarenta anos depois, o teatro Sérgio Cardoso, na capital, ficou lotado para um desabafo coletivo pelo fim da ditadura.
Após um lapso de 25 anos sem nenhum encontro, a UBE (União Brasileira dos Escritores), que teve Mário de Andrade como um dos fundadores, escolheu Ribeirão Preto para retomar a tradição de realizar congressos.
A 5º edição do Congresso Brasileiro de Escritores deve ocorrer na cidade entre os dias 12 e 15 de novembro, com a expectativa de reunir cerca de mil cronistas, romancistas, ensaístas e contistas de todo o país.
Moacyr Scliar, 73, colunista da Folha, se recorda do sentimento de fim da opressão compartilhado no último congresso, em 1985.
"Eu me lembro de escritores falando a favor da liberdade de expressão. Congressos como esse, na época, tinham uma importância muito grande, porque ainda era o fim da ditadura."
Mais cético, o escritor Ignácio de Loyola Brandão resumiu o evento de 1985 mais como um "alívio" pelo fim da repressão do que um debate frutífero de ideias.
Menalton Braff, 72, hoje diretor de integração nacional da UBE, recorda-se até de intervenções artísticas em meio ao debate. "Um escritor do Piauí quis declamar sua poesia, e começou uma briga entre os que diziam que isso não estava na pauta."
O primeiro e mais célebre dos congressos, o de 1945, marcou-se como um protesto pela opressão do Estado Novo (leia texto ao lado).

CENSURA MORAL
Apesar da distância de 65 anos do primeiro encontro, um tema ainda parece ameaçado e se mantém na pauta: a liberdade de expressão.
Se a censura política cerceou o ofício da escrita no passado, é a censura moral que recai hoje sobre a literatura, segundo Menalton.
Prova disso, diz, foi o veto pelo MEC à obra "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato, e pais que chamaram de pornografia obras de Loyola Brandão e Cristovão Tezza lidas na escola.


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