Ribeirão Preto, Sábado, 16 de janeiro de 1999

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CLIMA
Rio Mogi Guaçu, com volume 20% maior que no mesmo período de 98, está atingindo casas e isolando bairros
Chuva deixa cem desabrigados na região

Lucio Piton/Folha Imagem
Desabrigado é retirado, em barco, de área alagada pela cheia do rio Mogi Guaçu, na zona rural de Barrinha


LUCIANA CAVALINI
da Folha Ribeirão

Cerca de cem famílias na região de Ribeirão Preto foram desabrigadas pela cheia do rio Mogi Guaçu nos últimos dois dias.
O rio subiu esta semana e está cerca de três metros acima do nível normal. Pessoas que moram em ranchos estão com as casas inundadas. Os municípios mais atingidos são Barrinha, Pitangueiras, Guatapará e Pradópolis.
Segundo a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), o rio está com um volume de água 20% maior do que no mesmo período do ano passado.
Nos primeiros 15 dias deste ano, foram registrados 198 mm de chuva pelo IAC (Instituto Agronômico de Campinas) em Ribeirão. No mesmo período do ano passado, foram 45,9 mm.
Além disso, a Cesp (Companhia Energética de São Paulo) aumentou a vazão de água na usina de Mogi Guaçu na semana passada.
No município de Barrinha, cerca de 60 ranchos já foram atingidos pela água. Funcionários da prefeitura estão percorrendo as áreas alagadas e retirando as famílias das casas por meio de barcos.
A maior parte dos desabrigados está indo para casas de familiares e amigos. Três famílias estão alojadas em um ginásio municipal de esportes da cidade.
A trabalhadora rural Maria Lopes está desde anteontem com o marido e o filho no ginásio. "A casa começou a inundar e empilhamos os móveis. Até que não teve jeito e tivemos que sair", disse.
O lavrador Geilton Gonçalves da Conceição, que morava sozinho em um rancho próximo ao rio, também precisou deixar a casa.
"A água começou a subir há 15 dias. Eu não queria sair de lá, mas não teve jeito", disse.
Em Pitangueiras, cerca de 200 pessoas do bairro Vale do Mogi, próximo à antiga estação da Fepasa, estão isoladas da cidade. O rio atingiu a estrada municipal, que tem cerca de um metro de água.
Para chegar à cidade, moradores do bairro precisam ir até a rodovia Armando de Salles Oliveira e passar pelo pedágio, percorrendo cerca de cinco quilômetros. Pela estrada municipal, os moradores andariam um quilômetro.
Uma assistente social da prefeitura deve começar a visitar as casas da região a partir de hoje. "Vamos checar se há necessidade de transferir as famílias para uma área pública, já que o rio continua subindo", afirma o vereador Gilmar Alberto Lourenço (PFL), que vai acompanhar a visita.
Em Pradópolis, ranchos às margens do rio também foram atingidos pela água. De acordo com a prefeitura, a situação ainda não é grave e os moradores estão alojados em casas de parentes.
No município de Pitangueiras, além do alagamento de ranchos, a água do rio arrastou lixo até a parte de baixo da ponte.
"A sujeira está dificultando a passagem da água e aumentando ainda mais o volume do rio. Estamos tentamos limpar o rio", disse o secretário de Obras e Serviços Públicos, Florivaldo de Azevedo.



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