|
Próximo Texto | Índice
Usinas lideram ranking da poluição ambiental na região
Maioria das multas acima de 1.000 Ufesps aplicadas pela Cetesb no ano envolveu empresas do setor sucroalcooleiro
De 70 autuações, 31 foram para 16 usinas; em 2º lugar no levantamento vêm prefeituras como as de Monte Alto e Bebedouro
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
As usinas de cana-de-açúcar
lideram o ranking de multas
por grandes crimes ambientais
aplicadas pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) este ano na
região de Ribeirão Preto, no período entre janeiro e novembro. Em segundo lugar aparecem as prefeituras.
A constatação está em levantamento feito pela Folha com
base apenas nas autuações superiores a 1.000 Ufesps (Unidades Fiscais do Estado de São
Paulo), que hoje equivalem a
R$ 14,8 mil -a maior multa
aplicada pela agência ambiental paulista é de 10 mil Ufesps.
Somadas, as multas acima de
1.000 Ufesps aplicadas ao setor
sucroalcooleiro somam R$ 2,6
milhões. A maior parte, segundo a Cetesb, é por conta de
queimas irregulares da palha
da cana. De um total de 70 multas acima de 1.000 Ufesps aplicadas no período, 31 foram imputadas a 16 usinas da região.
Entre as usinas multadas estão a Mandu (Guaíra), a Guarani (Olímpia), a Santelisa (Morro Agudo), a Maringá (Araraquara), a Zanin (Araraquara), a
Usina da Barra (Guariba) e a
Usina da Pedra (veja quadro). A
Usina da Pedra, em Serrana, é
responsável pelo maior crime
ambiental da história da região
-o vazamento de melaço no
rio Pardo em 2004, que provocou a mortandade de peixes.
Entre as usinas há autuações
que chegam a 7.500 Ufesps. A
campeã é a Mandu -a empresa
recebeu cinco autuações ao
longo deste ano, que somam
R$ 424 mil. Procurada, a direção da usina não se manifestou.
Segundo o gerente do Departamento de Ações de Controle
da Cetesb, Antonio Rivas, a
maioria das multas às usinas
envolve casos de queimas feitas
fora do horário ou de área permitida ou sem autorização.
A queima é considerada multa gravíssima, com pena mínima de 5.001 Ufesps. "As multas
de 7.500 Ufesps são aplicadas
quando ela causa incômodo à
população, como quando a fumaça e a fuligem adentram as
cidades", afirmou Rivas.
Segundo o pneumologista
Marcos Abdo Arbex, do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, a queima traz prejuízos à saúde. "Mais pessoas
procuram o serviço de emergência. Na época de queimadas,
você tem o dobro de material
particulado no ar, que se desprendeu da queima", disse.
A Folha procurou a Unica
(União da Indústria da Cana-de-Açúcar), que representa os
usineiros, mas a entidade não
se manifestou sobre o caso.
Lixões e esgoto
Depois das usinas, os maiores autuados são as prefeituras.
Treze delas receberam multas
acima de 1.000 Ufesps, entre
elas as de Bebedouro e Monte
Alto. Segundo Rivas, a maior
parte das multas é por falta de
aterros sanitário e esgoto tratado. A cidade de Monte Alto é a
recordista de multas: quatro
autuações, de R$ 163 mil. O secretário de Planejamento e
Obras do município, Newton
Pasqualini, disse que a prefeitura está buscando recursos
para viabilizar o aterro.
A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de
São Paulo) recebeu duas multas por conta de sua atuação em
Dourado. Grandes empresas da
região, como o frigorífico Minerva, de Barretos, e a Sucocítrico Cutrale, de Araraquara,
também foram multadas com
valores acima de 1.000 Ufesps.
Próximo Texto: STF decide que vai analisar se cidades podem ou não ter lei contra queimada Índice
|