Mãe vai à Promotoria e ao Conselho Tutelar pedir apuração sobre o não cumprimento do calendário

LIGIA SOTRATTI
DA FOLHA RIBEIRÃO

A adolescente Giulia Ranah Werley Neves Ferreira, 15, que cursa a oitava série do ensino fundamental, é a única aluna da escola estadual Bento de Abreu, em Araraquara, a frequentar até o fim do ano letivo e a participar da reposição das aulas por causa da gripe suína. As aulas deveriam seguir até o dia 22, mas, desde o início do mês, a escola, com cerca de 2.000 alunos, está deserta.
A mãe da jovem, a pedagoga Josélia Gomes Neves, 43, encaminhou pedido ao Ministério Público Estadual e ao Conselho Tutelar para que fosse apurado os motivos de o calendário não ser cumprido e também questionou a reposição das aulas aos sábados, destinadas para recuperar os 15 dias perdidos no começo do segundo semestre, quando a Secretaria de Estado da Educação determinou o atraso da volta às aulas como medida para evitar a circulação do vírus H1N1.
A falta de aulas foi notada pela mãe desde o fim de setembro, quando a filha passou a voltar mais cedo das aulas aos sábados. "Ela me disse que não estava tendo aula porque os alunos não estavam indo. Eu acompanhei minha filha em um sábado e, após 40 minutos de espera, ninguém apareceu. Fui na diretoria e me informaram que a professora tinha ido embora", disse. A escola entrou em contato com a professora, que retornou e deu as aulas à aluna.
Josélia afirmou que desconfia que os professores estão lançando "aulas-fantasmas", ou seja, dando presença aos estudantes e notificando que a aula foi dada. "Pedi que se apurasse as frequências dos estudantes, o conteúdo que tem sido dado. Além disso, os pais e responsáveis não estão estranhando que as crianças não têm ido a escola?", questionou.
O Conselho Tutelar disse que a diretoria de ensino respondeu que a reposição seguiu o que previa o cronograma. Procurada, a promotora da Infância e da Juventude, Morgana Demétrio, disse que não poderia atender a reportagem.
Segundo a Folha apurou, os professores da escola Bento de Abreu tinham que entregar as notas finais até o dia 10 de dezembro. A partir desta data, os estudantes deixaram de ir à escola, que tem salas da quinta série do ensino fundamental ao último ano do ensino médio nos três períodos. A reportagem apurou ainda que a reposição aos sábados teve alto índice de faltas.


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