Ribeirão Preto, Domingo, 17 de Janeiro de 2010

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Acidentes com animais peçonhentos crescem 165%

Em 2009, 2.171 pessoas notificaram incidentes em postos de saúde da região

Os acidentes mais comuns acontecem com escorpiões; foram registrados 542 casos no ano passado apenas na regional de Ribeirão Preto

JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO

Pelo menos 2.171 pessoas notificaram incidentes com animais peçonhentos no ano passado em unidades de saúde da região de Ribeirão Preto, um salto de 165% em relação ao ano anterior, quando as notificações chegaram a 818.
A diferença entre os dois períodos pode ser ainda maior, já que os dados da Secretaria de Estado da Saúde obtidos pela Folha para o ano de 2009 trazem notificações até 11 dezembro. As estatísticas de 2008 abrangem o ano completo.
Os incidentes mais frequentes acontecem com escorpiões, mostram os dados. Na área do DRS (Departamento Regional de Saúde) de Ribeirão Preto, 723 casos com esse tipo de animal foram registrados no ano passado, 542 deles com escorpiões. Em 2002, o número foi bem menor: 196 casos, sendo 56 com escorpiões.
O DRS de Barretos também apresentou crescimento significativo nas notificações. Foram 667 em 2009, ante 183 no ano anterior. Na região de Franca, o número de casos saiu de 205, em 2008, para pelo menos 425, no ano passado. Nos dois departamentos, como no de Ribeirão, predominam incidentes com escorpiões.
A exceção fica por conta do departamento que abrange Araraquara e cidades vizinhas, onde lideram as notificações de picadas de abelhas, que somaram 188 em 2009. É mais do que o dobro dos 72 registros envolvendo escorpiões.
Segundo a chefe do Controle de Vetores de Ribeirão, Cristina O'Grady Lima, a incidência de escorpiões na região é endêmica, ou seja, eles encontram em Ribeirão e cidades do entorno características favoráveis para sua reprodução.
A umidade e o calor são dois desses fatores. O alto índice de chuvas nos últimos meses pode ter contribuído para a proliferação dos escorpiões, de acordo com a chefe.
Segundo o biólogo do laboratório de artrópodes do Instituto Butantan Paulo Goldoni, o escorpião deixou de ser um animal do meio rural e se adaptou ao ambiente urbano.
O tipo mais comum, e também o mais perigoso encontrado no Brasil, é o escorpião amarelo, disse o biólogo.
No calor, segundo Goldoni, a reprodução de insetos que servem de presa para o escorpião, principalmente a barata, aumenta. Com isso, eles ficam mais ativos na busca por alimento. Não fossem as chuvas, essa caça ficaria restrita a galerias pluviais e caixas de gordura, onde as baratas são mais encontradas. Porém, o alto índice pluviométrico desaloja os escorpiões das galerias e eles se espalham, buscando abrigo em locais como construções, encanamentos e terrenos baldios onde se acumulam entulhos.
Os incidentes, em sua maioria, não são graves, segundo a coordenadora do GVE de Ribeirão Preto, Josely Pereira Pintya. De acordo com ela, o desmatamento de áreas no entorno da cidade leva a um desequilíbrio ecológico que torna propícia a proliferação de escorpiões no município.
Já incidentes com cobras, segundo ela, estão relacionados ao predomínio de canaviais na zona rural da região, que abrigam esse tipo de animal.


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