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Acidentes com animais peçonhentos crescem 165%
Em 2009, 2.171 pessoas notificaram incidentes em postos de saúde da região
Os acidentes mais comuns acontecem com escorpiões; foram registrados 542 casos no ano passado apenas na regional de Ribeirão Preto
JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Pelo menos 2.171 pessoas notificaram incidentes com animais peçonhentos no ano passado em unidades de saúde da
região de Ribeirão Preto, um
salto de 165% em relação ao
ano anterior, quando as notificações chegaram a 818.
A diferença entre os dois períodos pode ser ainda maior, já
que os dados da Secretaria de
Estado da Saúde obtidos pela
Folha para o ano de 2009 trazem notificações até 11 dezembro. As estatísticas de 2008
abrangem o ano completo.
Os incidentes mais frequentes acontecem com escorpiões,
mostram os dados. Na área do
DRS (Departamento Regional
de Saúde) de Ribeirão Preto,
723 casos com esse tipo de animal foram registrados no ano
passado, 542 deles com escorpiões. Em 2002, o número foi
bem menor: 196 casos, sendo
56 com escorpiões.
O DRS de Barretos também
apresentou crescimento significativo nas notificações. Foram 667 em 2009, ante 183 no
ano anterior. Na região de
Franca, o número de casos saiu
de 205, em 2008, para pelo menos 425, no ano passado. Nos
dois departamentos, como no
de Ribeirão, predominam incidentes com escorpiões.
A exceção fica por conta do
departamento que abrange
Araraquara e cidades vizinhas,
onde lideram as notificações de
picadas de abelhas, que somaram 188 em 2009. É mais do
que o dobro dos 72 registros envolvendo escorpiões.
Segundo a chefe do Controle
de Vetores de Ribeirão, Cristina O'Grady Lima, a incidência
de escorpiões na região é endêmica, ou seja, eles encontram
em Ribeirão e cidades do entorno características favoráveis
para sua reprodução.
A umidade e o calor são dois
desses fatores. O alto índice de
chuvas nos últimos meses pode
ter contribuído para a proliferação dos escorpiões, de acordo
com a chefe.
Segundo o biólogo do laboratório de artrópodes do Instituto Butantan Paulo Goldoni, o
escorpião deixou de ser um animal do meio rural e se adaptou
ao ambiente urbano.
O tipo mais comum, e também o mais perigoso encontrado no Brasil, é o escorpião amarelo, disse o biólogo.
No calor, segundo Goldoni, a
reprodução de insetos que servem de presa para o escorpião,
principalmente a barata, aumenta. Com isso, eles ficam
mais ativos na busca por alimento. Não fossem as chuvas,
essa caça ficaria restrita a galerias pluviais e caixas de gordura, onde as baratas são mais encontradas. Porém, o alto índice
pluviométrico desaloja os escorpiões das galerias e eles se
espalham, buscando abrigo em
locais como construções, encanamentos e terrenos baldios
onde se acumulam entulhos.
Os incidentes, em sua maioria, não são graves, segundo a
coordenadora do GVE de Ribeirão Preto, Josely Pereira
Pintya. De acordo com ela, o
desmatamento de áreas no entorno da cidade leva a um desequilíbrio ecológico que torna
propícia a proliferação de escorpiões no município.
Já incidentes com cobras, segundo ela, estão relacionados
ao predomínio de canaviais na
zona rural da região, que abrigam esse tipo de animal.
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