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Bares de Ribeirão se preparam para driblar lei do fumo
Comerciantes e fumantes apostam que a lei vai pegar, mas, como a lei seca, não deve durar muito
LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
A menos de três meses da entrada em vigor da lei estadual
antifumo, que proíbe o cigarro
em locais públicos, bares e casas noturnas de Ribeirão Preto
iniciam mobilização para driblar as novas regras. Empresários da noite já estudam maneiras de não perder clientes e o
sindicato da categoria afirma
que vai apelar à Justiça.
A nova lei, que entra em vigor
em 6 de agosto deste ano, determina o fim dos fumódromos
e áreas para fumantes em locais
de acesso público, como bares e
restaurantes. Fumar só será
permitido ao ar livre ou em lugares onde o direito à intimidade é preservado, como dentro
de casa, no próprio carro ou em
quartos de hotéis.
As exigências dão um nó na
cabeça dos empresários. Se um
cliente for pego com um cigarro
na mão -ou até mesmo se um
cinzeiro com "bituca" for encontrado na mesa-, o local será
multado, mas o cliente, não.
"Em uma medida emergencial, podemos até liberar a saída
dos fumantes para a calçada.
Eles saem, fumam e voltam",
disse Alexandre Zanin, sócio-proprietário do bar Vila Dionísio, que não tem área aberta.
"Estamos estudando alternativas. Se eu abro um espaço à
céu aberto, o som vai vazar. Talvez a solução seja uma área
aberta para os fumantes, mas aí
temos que nos adequar às leis
municipais e aos bombeiros.
Mas ainda temos um tempo para pensar na melhor solução
para os clientes."
Segundo Antônio Carlos
Said, sócio-proprietário do
Terrachopp, os bares terão de
usar a criatividade. "Independente do que vamos fazer, nós
vamos seguir a lei. Se as pessoas
puderam fumar apenas na calçada, então é somente lá que o
cigarro será liberado", disse.
Ele não acredita que vá perder
clientes. "A lei vale para todos."
O Pinguim informou que está estudando, com sua área jurídica, uma maneira de conciliar fumantes e não-fumantes
dentro de suas choperias.
Inócua
É praticamente um consenso
entre sindicalistas, donos de
bares e fumantes: a lei antifumo vai pegar, sim, mas não deve
durar muito. "A lei seca afrouxou. No começo, todos falavam
dela. Criamos alternativas, como transporte para alguns
clientes, táxis etc. Hoje, pouco
se fala dela", afirmou Zanin, do
Vila Dionísio.
De acordo com Carlos Frederico Marques, presidente do
Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Ribeirão Preto e Região, a fiscalização deve ser grande nas primeiras semanas, mas não deve
se manter com a mesma força.
"É difícil fiscalizar todos os bares o tempo todo."
Além disso, a cidade já tem
"experiência" no assunto: uma
lei municipal similar já existe,
mas foi derrubada pelos bares e
restaurantes. "Se nós derrubamos a lei municipal, vamos tentar derrubar a [lei] estadual,
também. É inconstitucional",
disse Marques, do sindicato.
A lei municipal só funciona
nos shoppings. Bares e restaurantes conseguiram driblar a
decisão: o artigo que vetava os
fumódromos acabou sendo
considerado inconstitucional
porque uma lei federal de 1996
permite a existência de um espaço reservado ao fumante.
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