Ribeirão Preto, Segunda-feira, 17 de Novembro de 2008

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Franca tem menor proporção de empregos

Cidade calçadista tem um trabalhador registrado a cada 4,57 moradores; resultado é o pior entre as dez grandes da região

Dados foram colhidos no final de 2007; secretário diz que os francanos têm empregos, mas muitos são registrados na região


LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Famosa por sua força na indústria, Franca tem a menor proporção de empregos com carteira assinada em relação a sua população, considerando as dez maiores cidades da região. Os dados são do Rais (Relação Anual de Informações Sociais), elaborado pelo Ministério do Trabalho.
Em dezembro de 2007, quando os números foram consolidados, Franca tinha 69.841 trabalhadores com carteira assinada para uma população de 319.094. Cruzando os dados, chega-se à proporção de um trabalhador registrado a cada 4,57 moradores.
No ranking estadual, hierarquizado pela média de habitantes por emprego formal, Franca surge na modesta 210ª colocação entre os 645 municípios. Nenhum dos outros nove grandes municípios da região está abaixo desta posição. Por outro lado, o ranking revela situações curiosas. Gavião Peixoto, por exemplo, aparece em segundo lugar no Estado, com mais trabalhadores registrados do que população. A cidade de 4.103 habitantes tem 5.482 trabalhadores registrados. Isso se explica porque a fábrica da Embraer, instalada na cidade, atrai muitos trabalhadores de cidades vizinhas (leia nesta página).
Voltando à parte de baixo do ranking, Santa Ernestina tem status de "cidade dormitório": são 5.510 habitantes e apenas 368 empregos formais.
Os especialistas apontam uma série de explicações para o mau desempenho de Franca. "O nível de emprego cai no final do ano devido ao fim da colheita do café. Se o dado tivesse sido captado em agosto, por exemplo, seria mais real", disse o secretário de Planejamento e Gestão Econômica, Sebastião Ananias, que cita, também, a oferta de vagas em usinas da região. "O francano tem emprego, mas em alguns casos ele é registrado nas cidades vizinhas devido à localização das usinas", disse o secretário.
O presidente da Acif (Associação do Comércio e Indústria de Franca), João Carlos Cheade, afirma que a cidade está com um ótimo desempenho em 2008 na geração de empregos. "Franca é a oitava cidade do Estado que mais gerou empregos neste ano. Em 2007, tivemos problemas com dólar, grandes indústrias demitiram. O cenário mudou em 2008."
Até setembro, segundo o Ministério do Trabalho, o saldo de contratações em Franca era de 13.252. Deste total, 77,2%, ou 10.236, eram da indústria.
O setor calçadista continua sendo o carro-chefe da indústria da cidade. Segundo o Sindifranca (Sindicato da Indústria Calçadista de Franca), atualmente são 28 mil trabalhadores no setor. Há 20 anos, eles somavam 35 mil. "Estamos em franco crescimento. Nosso planejamento é voltar aos 35 mil nos próximos anos", disse.
Paralelo ao domínio da indústria na cidade, há uma necessidade de oferta maior de vagas no comércio e na prestação de serviços, diz Ananias.
"Houve um bom crescimento nos últimos quatro anos, mas a cidade ainda tem um espaço expressivo para esses dois segmentos", disse. O presidente da Acif concorda.


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