Ribeirão Preto, Sexta-feira, 18 de Fevereiro de 2011

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Preconceito limita leito psiquiátrico, diz secretário

Paciente com doença mental chega a esperar até sete dias por uma vaga

Há somente 108 leitos, sendo 80 no Santa Tereza e 28 no HC, para uma população de 1,2 milhão de habitantes

HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO

Há preconceito no atendimento aos pacientes da saúde mental e isso dificulta a abertura de novos leitos na região. A afirmação, do secretário da Saúde de Ribeirão Preto, Stenio Miranda, é confirmada por um hospital.
Hoje, Ribeirão tem só 108 leitos, sendo 80 no Hospital Santa Tereza e 28 no Hospital das Clínicas, para atender 1,2 milhão de habitantes.
Um laudo encomendado pela Promotoria apontou a falta de 272 leitos psiquiátricos na região. Apenas o Santa Tereza chegou a oferecer mil leitos há 20 anos.
Por isso, esses pacientes chegam a esperar até sete dias por uma vaga no Caps-3 (Centro de Atenção Psicossocial) ou nos dois hospitais especializados.
Para Miranda, a ampliação de leitos esbarra no preconceito. Ele afirmou que já sugeriu implantar leitos no Santa Lydia e no Beneficência Portuguesa, mas seus comandos negaram.
"Falei com o [José Victor] Nonino [superintendente], da Beneficência, sobre abrir leitos psiquiátricos no hospital, mas ele disse que não havia essa possibilidade."
No Santa Lydia, municipalizado no início deste ano, a negativa para criar leitos de saúde mental ocorreu durante as reuniões para definir como a prefeitura iria administrar o hospital.
De acordo com Miranda, existe uma segregação dos profissionais da área de saúde, tanto nas unidades municipais como nos hospitais públicos e particulares, para lidar com esses pacientes.
"Eles falam que não têm estrutura física e humana para atender esses pacientes, mas tudo isso é puro preconceito", afirmou o secretário.
O problema é confirmado pelo coordenador de Saúde Mental de Ribeirão, Alexandre Firmo de Souza Cruz.
"Na visão de muitos médicos, um doente mental não tem dor de barriga, uma cólica de rim ou nada parecido. Ele sempre é classificado como doente mental."
O superintendente da Beneficência admite que há preconceito dos hospitais.
De acordo com ele, a visão dos comandos é que os pacientes psiquiátricos são agressivos e que demandam uma energia muito grande das equipes médicas.
"O preconceito tem que ser combatido. Acredito que isso só vai acontecer quando um grande hospital abrir leitos para esses pacientes."
No entanto Nonino afirma que a Beneficência não tem o preparo necessário. Uma das soluções, segundo ele, seria a municipalização do Santa Tereza e a transformação em um hospital geral com leitos psiquiátricos.


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