Ribeirão Preto, Sexta-feira, 18 de Fevereiro de 2011

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Estado é questionado sobre leitos no Sta. Tereza

Há 1 vaga a cada 14.676 habitantes na região; o ideal seria 2,4 a cada 10 mil

Governo afirma que não faltam vagas e que situação será resolvida em definitivo com mais unidades na região

DE RIBEIRÃO PRETO

O coordenador de Saúde Mental de Ribeirão Preto, Alexandre Firmo de Souza Cruz, apresentou dados que confrontam a Secretaria de Estado da Saúde, que afirmou no mês passado que não há mais falta de vagas no hospital Santa Tereza.
De acordo com Cruz, ontem 22 pacientes estavam na fila de espera para internação no Santa Tereza -dez deles aguardavam no Caps-3 e em UBDSs (Unidades Básicas Distritais de Saúde).
No último dia 31, a espera era de 20 pacientes. Os dados foram repassados ao município pelo próprio hospital, depois da solicitação de vagas.
"Se eles realmente estão com vagas vou acioná-los judicialmente para explicar os motivos da fila de espera."
O técnico em manutenção predial Erlon Roberto Silva, 37, que sofre de depressão, precisou esperar dois dias numa maca da UBDS do Quintino Facci 2, na semana passada, por uma vaga.
"Depois desses dois dias decidimos levá-lo para casa. Ele estava pior com essa espera. Agora está fazendo tratamento em casa e o estamos apoiando", disse sua mulher, Silvana Alves, 34.
De acordo com o psiquiatra, em 1990 a região de Ribeirão Preto tinha 1.118 leitos psiquiátricos distribuídos em hospitais públicos (448), privados (500), filantrópicos (154) e universitários (16).
"Os primeiros planos de redução de leitos psiquiátricos ocorreram na década de 80 nesta região, em nome do movimento antimanicomial. O problema é que não foi pensada uma maneira de atender aqueles que precisam da internação."
Atualmente esse número não chega a 200 leitos, o que significa um para 14.676 habitantes em uma área abrangendo 37 cidades.
A exigência do Ministério da Saúde é que se cumpra um parâmetro de 2,4 leitos para cada 10 mil habitantes.
Em países como Cuba, Espanha e Itália -onde foi iniciada a reforma psiquiátrica-, o número de leitos é maior. "Isso naturalmente pesa sobre os ombros dos usuários do SUS [Sistema Único da Saúde]."
Em nota enviada via assessoria, a Secretaria de Estado da Saúde afirmou que os picos de pedidos de internações de pacientes psiquiátricos não ocorrem por falta de vagas, uma vez que a região tem dois hospitais estaduais para esse tipo de atendimento, além da Unidade de Emergência do HC.
Ainda de acordo com a nota, a situação será definitivamente resolvida depois da implantação de mais três Caps-3 (24 horas) na região pelos municípios, além da ampliação do atendimento do Caps-3 e do Caps-Ad de Santa Rita do Passa Quatro -estes por conta do Estado.
(HÉLIA ARAUJO)


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