Ribeirão Preto, Domingo, 18 de Outubro de 2009

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Indústria de Sertãozinho mira em América Latina e África

Há vendas fechadas ou em negociação para países como Sudão e África do Sul

Contratos de venda de usinas de álcool e fábricas de açúcar foram fechados com empresas de países como Angola e ainda a Venezuela

LEANDRO MARTINS
ENVIADO ESPECIAL A SERTÃOZINHO

Fábricas de Sertãozinho especializadas na produção de equipamentos e máquinas para a indústria sucroalcooleira estão apostando em países da América Latina e África para exportações.
Há contratos já fechados e negociações em andamento para venda de usinas de álcool e açúcar para países próximos, como Venezuela, Equador e Chile, e também para países africanos, como Angola, Gana, Moçambique e África do Sul.
O continente africano, em específico, é visto pelos empresários brasileiros do setor como um filão com amplo potencial de crescimento. O clima adequado para o cultivo da cana e a falta de condições estruturais do continente contribuem para que os países da África procurem indústrias brasileiras, que dominam a tecnologia do setor sucroalcooleiro.
De janeiro a setembro deste ano, Sertãozinho exportou US$ 185,7 milhões (R$ 317,17 milhões, ao câmbio de anteontem), segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O açúcar é o líder no ranking das exportações da cidade, mas as máquinas e equipamentos para usinas e destilarias têm ganhado espaço nos negócios com outros países.
A Planusi Equipamentos Industriais é uma das empresas de Sertãozinho que tem mirado os mercados latino e africano. De acordo com Vagner Stefanoni, diretor da empresa, atualmente a Planusi está terminando a montagem de uma usina na Venezuela.
Em parceria com outras empresas, a Planusi também fechou um contrato de US$ 32 milhões para a construção de uma fábrica de açúcar em Angola. O contrato prevê desde o planejamento até a produção da fábrica e a montagem da estrutura em território angolano. "É um projeto completo, vamos entregar operando", disse o diretor da fábrica.
Stefanoni se mostra otimista quanto aos negócios externos da Planusi e afirma acreditar que as exportações devem chegar a 50% do faturamento da empresa em médio prazo. Ele não fala em datas ou valores.
Outra empresa com unidade em Sertãozinho que tem investido no mercado externo, com ênfase na América Latina e África, é a Dedini Indústrias de Base. A fábrica já começou a embarcar equipamentos de um contrato que envolve quatro usinas na Venezuela. O negócio foi fechado diretamente com a PDVSA, estatal que controla o setor de petróleo e energia na Venezuela.
Outro contrato prevê o fornecimento de uma planta industrial no Sudão. Há ainda contratos em negociação para obras em Gana, Moçambique e África do Sul. Hoje, as exportações representam 15% do faturamento da Dedini, sendo que os EUA ainda lideram o destino das vendas e representam 30% dos negócios externos.
Mas, especificamente no setor sucroalcooleiro, o gerente de exportações José Roberto Pigati disse acreditar que a África surge como mercado promissor. "Nós acreditamos que a África seja o futuro do mercado do etanol. É um continente inexplorado e carente de tecnologia e de serviços", disse.
As usinas e destilarias negociadas pela Dedini são construídas parte em Sertãozinho e parte em outras unidades da empresa, em Piracicaba e Jaboatão dos Guararapes (PE).
Em alguns casos, há participação de empresas dos países envolvidos nos contratos, que ficam responsáveis pela fabricação de maquinários e equipamentos com tecnologia inferior. "Até pela logística de transporte, a gente tenta realizar o máximo possível no local", afirmou Pigati.


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