Ribeirão Preto, Sábado, 18 de Dezembro de 2010

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Após 16 anos, prefeitura derruba favela

As 60 famílias da favela Adamantina, na região do aeroporto, foram levadas para novo conjunto habitacional

Retirada faz parte do projeto Moradia Legal; juiz diz que, se ritmo for mantido, em 5 anos, não haverá mais favelas


Márcia Ribeiro/Folhapress
Caminhão da prefeitura é carregado com mudança de famílias da favela Adamantina que foram para o Paulo Gomes

HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO

Depois de 16 anos de ocupação irregular, as primeiras famílias deixaram ontem uma das favelas do Complexo Aeroporto e, na sequência, máquinas da Prefeitura de Ribeirão Preto derrubaram os barracos para evitar nova invasão da área.
As 60 famílias da favela Adamantina deixaram as casas na manhã de ontem, de mudança para o conjunto habitacional Paulo Gomes Romeo, na zona oeste.
As famílias estavam cadastradas pela Secretaria da Assistência Social desde 2007 no programa Moradia Legal. Um censo divulgado pela prefeitura mostra que a cidade ainda tem 5.628 famílias ou cerca de 22.250 pessoas morando em 42 favelas.
Não há um prazo definido para que as demais favelas sejam desocupadas, mas, segundo o coordenador do programa, o juiz João Gandini, se os trabalhos continuarem no mesmo ritmo, Ribeirão não terá mais favelas num prazo de cinco anos.
A mudança das famílias da Adamantina começou às 6h e terminou no meio da tarde. A diarista Luzinete dos Santos, 29, que morava havia dez anos na favela, exibiu, orgulhosa, a geladeira e o fogão novos.
"Desde novembro já tinha deixado tudo arrumado, nas caixas, só esperando pela mudança. Queria muito ter minha casa e finalmente hoje isso está acontecendo."
Conforme as famílias saíam, imediatamente tratores da prefeitura derrubavam as casas. A rapidez com que tudo foi ao chão emocionou os ex-moradores.
O eletricista Alexandre Ferreira, 37, ficou triste ao ver a casa onde sua família morou dez anos ser demolida. "Tudo que construí aqui foi com o suor do meu trabalho. Era tudo do jeito que eu queria. Mas a vida é assim."
A aposentada Isaura Davanço, 70, preferiu não assistir à demolição da casa onde morava com a filha Cláudia.
"Estamos felizes pela casa nova, mas não tem como não sentir a perda. Passamos a vida nesse lugar", diz Cláudia.


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