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154 ANOS ESTRANGEIROS
Estrangeiros da Copa "adotam" Ribeirão
Para comemorar o aniversário, a Folha procurou referências da cidade no olhar daqueles que vêm de fora
Histórias mostram que experiências pessoais no Brasil, mesmo as mais efêmeras, quase sempre são marcantes
Márcia Ribeiro/Folha Imagem
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Estrangeiros que moram em Ribeirão "entram no clima" da Copa no estádio Santa Cruz
JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO
PAULO GODOY
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO
Ribeirão Preto, que completa 154 anos de fundação
hoje, foi forjada por mãos
imigrantes. Da força de trabalho escrava trazida da África para a colheita do café
passou para as mãos de imigrantes italianos e japoneses. O meio urbano se ergueu
com a labuta de operários europeus.
Atualmente, a maior cidade do nordeste paulista, com
563 mil moradores, é sede de
uma região com 89 municípios e perto de 3,3 milhões de
habitantes.
Para marcar o aniversário,
a Folha procurou referências
dessa cidade no olhar de
quem vem de fora, de pessoas que deixaram seus países e chegaram a Ribeirão para trabalhar, estudar, fugir
da pobreza, buscar melhores
condições de vida ou apenas
conhecer.
Em ano de Copa, a reportagem focou representantes
das seleções que estão disputando o Mundial da África do
Sul. Foram procuradas pessoas nascidas nos 31 países
-o 32º é o Brasil.
O trabalho não foi fácil,
principalmente quando a
busca se concentrou sobre
Sérvia, Eslovênia, Eslováquia, Honduras, Argélia,
Costa do Marfim e Gana. Não
é possível dizer que não existam nativos desses países ou
seus descendentes morando
em Ribeirão, mas o fato é que
a procura se encerrou sem
que um só fosse localizado.
Nos depoimentos coletados há algo de frustração e de
estranhamento, mas muito
de realização pessoal e de superação em relação à cidade
e ao Brasil.
São histórias que mostram
que experiências pessoais no
Brasil, mesmo as mais efêmeras, podem mudar conforme a época, a classe social e a
idade de quem imigra, mas
que quase sempre são marcantes. No microcosmo representado por Ribeirão, esse mosaico se repete, como o
leitor poderá constatar nas
próximas páginas.
A história dos forasteiros
se entrelaça com a da cidade.
A Ribeirão rural passa pela
vida do japonês Yukio, cujos
pais tornaram-se colonos em
fazendas de café. No mar de
canaviais que cerca a cidade,
o australiano John encontrou
o cenário perfeito para seus
negócios, assim como foi a
cana-de-açúcar que também
atraiu a família da sul-africana Rose há 34 anos.
A cidade das oportunidades trouxe o sul-coreano Max
e o espanhol Hugo, que aqui
abriram seus negócios. A família da paraguaia Juana
veio atrás de emprego, mesmo motivo da uruguaia Ana
Verônica e o marido.
Nos anos 50, jovens como
o italiano Tullio, o grego
Athanase e o português Manuel, ainda adolescente, deixaram a pobreza da Europa
pós-Segunda Guerra Mundial para começar vida nova
em Ribeirão.
Na educação, a babel se repete. O campus da USP de Ribeirão que já tinha atraído
estrangeiros como o nigeriano Rascheed, nos anos 1970,
hoje recebe alunos e professores do exterior, caso das
mexicanas Daniella e Marcela, e do alemão Klaus e do
neozelandês John.
Ribeirão também é terra de
sonhos para o jovem camaronês Arnold. De família pobre,
como muitos meninos brasileiros, ele está em Ribeirão
treinando futebol. Seu sonho: usar seu talento para
ajudar a família.
E existe espaço também
para histórias de amor. Foi o
amor que atraiu a americana
Martina, o inglês Stephen, o
argentino Juan e o francês
Alain.
Com uma ou outra exceção, o que se nota é que, passada a fase em que tudo é
inóspito, o convívio e as raízes se fortalecem e Ribeirão
ganha mais "filhos".
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