Ribeirão Preto, Sábado, 19 de Junho de 2010

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154 ANOS ESTRANGEIROS

Paraguaio chega em ônibus de muamba

Família diz que trocou Assunção por Ribeirão há 6 anos devido à precariedade e à violência em sua terra natal

Falta de documentos brasileiros atrapalhou um pouco a adaptação, mas a acolhida do povo compensou, diz a mãe

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO

Começar nova vida em um país praticamente desconhecido chegando em um ônibus de contrabando não é o que muita gente considera ideal. Mas foi exatamente dessa maneira, contada com muito bom humor, que a família Canzanella deixou Assunção, no Paraguai, e chegou a Ribeirão, há seis anos.
Quem narra a aventura é a mãe, a dona de casa Juana Bautista Arguello de Canzanella, 56. Em 2004, depois de visitar um dos filhos que já morava em Ribeirão, ela não teve dúvida: voltou para a capital paraguaia disposta a vender tudo e a começar vida nova em solo paulista.
O marido, Angel, gráfico de profissão, ficou em terras paraguaias com os filhos Samuel e Renato para se desfazer do mobiliário da casa e preparar a mudança.
Como não tinha dinheiro para pagar as passagens de tanta gente, Juana pegou Sharon (14), Loida (16), Jonas (17) e Cláudia (28), subiu em um ônibus de sacoleiros e enfrentou os quase 1.400 quilômetros que separam Ribeirão da capital paraguaia em meio a outras dez pessoas e muita muamba.
"Fora as pessoas, o resto do ônibus estava todo ocupado por mercadorias", disse ela. Perguntada sobre os motivos que levaram toda a família a imigrar para Ribeirão, Juana foi direta ao afirmar que, mesmo na capital do país vizinho, a tríade pobreza, desemprego e violência está castigando a população.
Em Ribeirão, diz ela, tiveram um período inicial difícil, um dos complicadores foi a falta de documentos brasileiros, que os colocava na condição de ilegais. Com a legalização, o pai Angel conseguiu emprego na área em que já trabalhava.
Se antes de 2004 a família nunca havia cogitado sair de seu país, agora o Paraguai virou só lembrança. Na última viagem feita no final de 2008, a coleção de CDs de música sertaneja serviu para lembrar que a casa da família não estava mais em Assunção, mas em Ribeirão.
"Não sei se sou eu apenas, mas não sinto saudades de lá. A adaptação no Brasil foi tranquila porque encontramos pessoas muito amáveis. Fizemos muitas amizades e fomos todos muito bem recebidos", disse Juana.
No futebol, a proximidade com o Brasil fez a família não ter dúvida ao apontar a seleção verde-amarela como campeã.
(PAULO GODOY)


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