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154 ANOS ESTRANGEIROS
Paraguaio chega em ônibus de muamba
Família diz que trocou Assunção por Ribeirão há 6 anos devido à precariedade e à violência em sua terra natal
Falta de documentos brasileiros atrapalhou um pouco a adaptação, mas a acolhida do povo compensou, diz a mãe
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO
Começar nova vida em um
país praticamente desconhecido chegando em um ônibus de contrabando não é o
que muita gente considera
ideal. Mas foi exatamente
dessa maneira, contada com
muito bom humor, que a família Canzanella deixou Assunção, no Paraguai, e chegou a Ribeirão, há seis anos.
Quem narra a aventura é a
mãe, a dona de casa Juana
Bautista Arguello de Canzanella, 56. Em 2004, depois de
visitar um dos filhos que já
morava em Ribeirão, ela não
teve dúvida: voltou para a capital paraguaia disposta a
vender tudo e a começar vida
nova em solo paulista.
O marido, Angel, gráfico
de profissão, ficou em terras
paraguaias com os filhos Samuel e Renato para se desfazer do mobiliário da casa e
preparar a mudança.
Como não tinha dinheiro
para pagar as passagens de
tanta gente, Juana pegou
Sharon (14), Loida (16), Jonas
(17) e Cláudia (28), subiu em
um ônibus de sacoleiros e enfrentou os quase 1.400 quilômetros que separam Ribeirão
da capital paraguaia em
meio a outras dez pessoas e
muita muamba.
"Fora as pessoas, o resto
do ônibus estava todo ocupado por mercadorias", disse
ela. Perguntada sobre os motivos que levaram toda a família a imigrar para Ribeirão,
Juana foi direta ao afirmar
que, mesmo na capital do
país vizinho, a tríade pobreza, desemprego e violência
está castigando a população.
Em Ribeirão, diz ela, tiveram um período inicial difícil, um dos complicadores foi
a falta de documentos brasileiros, que os colocava na
condição de ilegais. Com a legalização, o pai Angel conseguiu emprego na área em
que já trabalhava.
Se antes de 2004 a família
nunca havia cogitado sair de
seu país, agora o Paraguai virou só lembrança. Na última
viagem feita no final de 2008,
a coleção de CDs de música
sertaneja serviu para lembrar
que a casa da família não estava mais em Assunção, mas
em Ribeirão.
"Não sei se sou eu apenas,
mas não sinto saudades de
lá. A adaptação no Brasil foi
tranquila porque encontramos pessoas muito amáveis.
Fizemos muitas amizades e
fomos todos muito bem recebidos", disse Juana.
No futebol, a proximidade
com o Brasil fez a família não
ter dúvida ao apontar a seleção verde-amarela como
campeã.
(PAULO GODOY)
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