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154 ANOS ESTRANGEIROS
Uruguaia elogia crescimento e lojas
Há 18 anos em Ribeirão, Ana Verónica diz que, no trânsito, falta pouco para a cidade virar uma São Paulo
"Eu nem conhecia o Brasil; vim direto para morar em Ribeirão e, graças a Deus, topei com gente muito boa aqui"
DE RIBEIRÃO PRETO
Em 1992, a uruguaia Ana
Verónica Fernandes Rodriguez era uma jovem de 20
anos, estudante de direito
em Montevidéu, capital do
país. Grávida do primeiro filho, viu-se diante do desafio
de mudar de cidade.
Dessa vez, porém, a viagem não significaria apenas
deslocar-se de Tacuarembó,
sua cidade natal, no norte do
país, para a capital.
Ana Verónica teria que
deixar o seu país e mudar-se
para Ribeirão Preto, onde o
marido, Mike, também uruguaio, já esperava por ela.
Dois anos antes, Mike tinha conhecido Ribeirão a
convite de um amigo uruguaio. Recebeu logo uma
proposta para trabalhar como representante comercial
em cidades do interior paulista. Aceitou o emprego, mas
deixou para trazer a mulher
mais tarde.
Apesar de ter nascido tão
perto do país vizinho que falava português -sua terra
natal fica a 100 km da cidade
gaúcha de Uruguaiana-,
Ana Verónica nunca havia
cruzado a fronteira.
"Eu nem conhecia o Brasil.
Vim direto para morar em Ribeirão e, graças a Deus, deu
tudo certo. Eu topei com gente muito boa no Brasil. Gente
que me abriu as portas logo
no começo, embora eu não
falasse nada de português."
Como o marido viajava
muito a trabalho, a uruguaia
logo tratou de encontrar um
trabalho para ocupar seu
tempo. A facilidade com línguas a levou a se tornar professora de espanhol.
Ana Verónica ensinava,
mas também aprendia. "Eu
ensinava espanhol e os meus
alunos me ajudavam com o
português", diz.
Hoje, o casal de uruguaios
costuma fazer caminhadas
no campus da universidade,
em meio ao espaço verde que
eles tanto admiram.
Ana Verónica, 38, também
elogia a facilidade de se fazer
compras na cidade. "Considero sensacional o comércio
de Ribeirão. O que você procura consegue achar."
Há 18 anos em Ribeirão, a
professora de línguas observa o quanto a cidade mudou.
"Eu lembro daquela região
da [avenida João] Fiúsa anos
atrás. Era tudo campo, não tinha nada mesmo. De dez
anos para cá, cercou de prédios, está toda estruturada."
Mas o trânsito, afirma a
uruguaia, não acompanhou
o crescimento da cidade.
"Precisa melhorar. Em horários de pico, fica muito caótico. Falta pouco para virar
uma São Paulo", diz.
Quando o assunto é futebol, Verónica confessa que se
sente dividida. No Uruguai,
ela torce para o Nacional,
mas, como os filhos Cecília,
17, e Pablo, 6, brasileiros, são
são-paulinos, ela os acompanha na torcida.
Nesta Copa do Mundo, ela
não aposta na terra natal.
Acha que o Brasil leva a taça.
(JULIANA COISSI)
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