Ribeirão Preto, Sábado, 19 de Junho de 2010

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154 ANOS ESTRANGEIROS

Mexicanas sofrem com idioma e calor

Imigrantes citam como problemas locais a falta de lugares para "bailar" e o excesso de intimidade dos colegas

Alunas de mestrado da Odontologia da USP de Ribeirão sentem falta da terra natal, mas não do machismo mexicano

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DA FOLHA RIBEIRÃO

Se o Brasil falasse espanhol, as amigas Daniella Silva Herzog Rivera e Marcela Martin Del Campo Fierro considerariam seriamente a possibilidade de fixar residência por aqui...
Mexicanas, as duas estão em Ribeirão há dois anos fazendo mestrado em odontologia na Universidade de São Paulo (USP). A 8.000 quilômetros de casa (San Luis Potosi, localizada na região central do México), elas resumem suas dificuldades em três palavras: idioma, distância e, claro, calor.
Não que San Luis seja necessariamente um "paraíso terrenal", como disse Daniella, mas, na comparação com Ribeirão, a cidade de 1 milhão de habitantes tem médias de temperatura bem mais agradáveis.
A distância é um problema, mas contra ela não há o que ser feito. Daniella termina oficialmente seu mestrado no próximo dia 30. Está há um ano sem visitar sua cidade natal. Nesse período, viu o namorado mexicano, que mora nos Estados Unidos, apenas duas vezes.
"Talvez por isso sejam tão apaixonados. Não se veem", cutuca Marcela, que se mostra mais incomodada que a amiga com a distância da família e de seu país.
"Se desse para entrar em um avião e daqui a três horas chegar lá, tudo bem. Estou adorando morar em Ribeirão, mas é longe e é caro", afirmou a estudante.
Daniella é mais expansiva e falante. Tem os cabelos pretos compridos com mechas descoloridas. Foi a primeira a chegar à cidade, acompanhando o pai, que veio para fazer o doutorado, e a mãe -ambos são dentistas.
Marcela é mais contida nos gestos e na fala. Inspirada pela experiência da amiga, veio seis meses depois. Hoje moram juntas.
Para Marcela, não tem como não se sentir estrangeiro, mesmo em um país como o Brasil, que guarda inúmeras semelhanças com o México, seja nos costumes, na culinária ou no modo de viver.
"Mexicanos e brasileiros são muito parecidos em tudo, mas aqui é um pouco mais liberal. O México é muito machista", disse Daniella.
Em Ribeirão, sentem falta de lugares para "bailar", como disse Marcela. Amigos não faltam, mas Daniella revela certo estranhamento com um hábito bem brasileiro. "Você mal conhece a pessoa e ela vem te dando um abraço, um beijo; abre a porta da casa e te convida para tomar um café".
E já que a comparação parecia inevitável, Daniella lembrou da seleção mexicana, que abriu a Copa empatando com os anfitriões sul-africanos. "Mais uma coisa em que Brasil e México se parecem: o futebol."
(PAULO GODOY)


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