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154 ANOS PATRIMÔNIO
Mesmo após tombados, os bens são esquecidos
Ministério Público quer fiscalização e critica a política de preservação
Para promotor, falham conselho municipal e a prefeitura; dirigente diz que Conppac não tem a função de fiscalizar
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO
O Ministério Público de Ribeirão Preto cobra fiscalização por parte do Conppac sobre o patrimônio histórico
tombado na cidade. Para os
promotores Naul Felca e Marcelo Goulart, o conselho tem
a obrigação de promover vistorias e zelar pelos bens.
Após o processo de tombamento, os bens, principalmente os que ainda pertencem a particulares, são esquecidos pelo poder público.
Para o promotor Naul Felca, do Meio Ambiente Urbano, o Conppac deveria montar uma equipe, até mesmo
com integrantes de seu corpo
técnico, para acompanhar a
forma como os proprietários,
nos casos dos particulares,
ou os detentores de uso, no
caso de imóveis ocupados
pelo poder público, estão
cuidando do patrimônio.
Goulart foi ainda mais incisivo ao tratar do assunto.
No que classificou de atraso
cultural histórico da elite que
domina Ribeirão, ele disse
que a cidade está perdendo
suas referências culturais
porque não consegue estabelecer uma política pública de
preservação de seus bens.
Nesse contexto, o promotor citou o solar de Francisco
Murdoco, construído em
1906, e o Casarão da Caramuru, como exemplos.
O primeiro é uma imponente construção na rua São
José, no centro, cujos herdeiros não moram em Ribeirão.
O prédio está loteado para famílias que moram no sobrado e para comerciantes que
alugam a parte inferior.
No segundo caso, Goulart
atuou diretamente. Numa
ação proposta em 1999, o
promotor exigia que o Estado
e a prefeitura apresentassem
um projeto de restauração
para o casarão, conhecido
como Solar Villa Lobos.
Dez anos depois, a Justiça
acolheu o pedido e condenou
as duas esferas da administração. Mesmo sob pena de
multa diária, a sentença nunca foi cumprida.
"O que acontece ali é a incompetência dos poderes públicos. O proprietário possui
dívidas com a União e o Estado que superam o valor do
imóvel, no entanto, não se
move uma palha por parte da
Receita Federal, da Procuradoria do Estado ou da prefeitura -que deveria estar articulando essa situação, mas
não está- para reaver a propriedade", afirmou.
Goulart criticou a posição
do Conppac e, a exemplo de
seu colega Naul Felca, também disse que a responsabilidade pela fiscalização é do
conselho municipal.
Para o promotor, o órgão é
um palco de disputas corporativas que não cumpre com
o dever de zelar pelos bens e
os tombamentos são atos
apenas declaratórios do Executivo e não garantem nada.
OUTRO LADO
Procurada, a presidente
do Conppac, Cláudia Morroni, disse que o conselho não
tem como exercer a fiscalização. Isso, em sua opinião, caberia à prefeitura.
"O corpo técnico do Conppac tem como função elaborar laudos", disse ela.
"Os conselheiros são todos
voluntários e não há como
exigir mais deles", afirmou
Morroni.
(PAULO GODOY)
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