Ribeirão Preto, Sábado, 19 de Junho de 2010

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154 ANOS PATRIMÔNIO

Faltam ações de preservação, diz Bauso

Para urbanista, não há políticas educacionais e de incentivos em Ribeirão para os donos de imóveis tombados

Historiadora diz que os governos só vão tornar prioridade o assunto quando houver mais cobrança da sociedade

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO

O arquiteto e urbanista Cláudio Henrique Bauso, 54, ex-presidente do Conppac e atual conselheiro do órgão, é um crítico ácido da política de conservação do patrimônio, que, segundo ele, não existe em Ribeirão Preto.
Primeiro, começando pelo conselho, que não cumpre sua função pois, em desacordo com a lei que o instituiu, afirma, mantém em seu quadro pessoas que não possuem conhecimento sobre história, patrimônio histórico ou preservação.
Depois, ele critica a falta de ações educacionais e de políticas de incentivo fiscal para proprietários particulares de imóveis tombados.
Tudo isso somado, segundo avalia o arquiteto, está empurrando a história de Ribeirão para o esquecimento.
"O patrimônio cultural é a alma, a referencia de uma nação, é sua identidade", disse Bauso. "Precisamos preservar, senão vamos perder essa identidade. A cidade merece respeito e que os 154 anos sirvam para uma reflexão", afirmou ele.
A historiadora Tânia Registro, do Arquivo Público Municipal, vê a política de tombamento como fundamental para garantir a existência e a preservação dos bens históricos em Ribeirão, e como forma de entender a cidade em que vivemos hoje.
"É essencial que a gente tenha um prédio de um tempo que não seja o nosso, que tenha acesso à multiplicidade, ao diferente", disse ela.
Segundo a historiadora, o tombamento tem a função primordial de permitir acesso a diferentes objetos e modos de olhar o mundo. "Para que conheçamos as influências dos grupos que resultaram no que somos hoje."
Essa função, no entanto, seria suficiente para levar um governo municipal a se preocupar de forma mais efetiva com a questão, fazendo da preservação de bens históricos uma prioridade? Nas entrelinhas, ela deixa entender que não.
"Um prefeito atuará quando a sociedade exigir e tiver isso como prioridade", disse. "Quanto mais essa discussão chegar às pessoas, essa preservação existirá, não como imposição, mas como opção", afirmou.
Para pessoas como o aposentado Benônio Pitta, 79, a preservação de bens materiais históricos em Ribeirão Preto é um projeto de vida.
Morador do Campos Elíseos, onde preside a associação de moradores do bairro, e liderança local do Partido Comunista do Brasil, Pitta é um dos mais engajados defensores da revitalização da área da Cianê, antiga fábrica têxtil da família Matarazzo.
"Não descansarei enquanto não ver aquele lugar sendo usado, entregue para a população", afirmou.
(PAULO GODOY)

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