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154 ANOS PATRIMÔNIO
Faltam ações de preservação, diz Bauso
Para urbanista, não há políticas educacionais e de incentivos em Ribeirão para os donos de imóveis tombados
Historiadora diz que os governos só vão tornar prioridade o assunto quando houver mais cobrança da sociedade
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO
O arquiteto e urbanista
Cláudio Henrique Bauso, 54,
ex-presidente do Conppac e
atual conselheiro do órgão, é
um crítico ácido da política
de conservação do patrimônio, que, segundo ele, não
existe em Ribeirão Preto.
Primeiro, começando pelo
conselho, que não cumpre
sua função pois, em desacordo com a lei que o instituiu,
afirma, mantém em seu quadro pessoas que não possuem conhecimento sobre
história, patrimônio histórico ou preservação.
Depois, ele critica a falta
de ações educacionais e de
políticas de incentivo fiscal
para proprietários particulares de imóveis tombados.
Tudo isso somado, segundo avalia o arquiteto, está
empurrando a história de Ribeirão para o esquecimento.
"O patrimônio cultural é a
alma, a referencia de uma
nação, é sua identidade",
disse Bauso. "Precisamos
preservar, senão vamos perder essa identidade. A cidade
merece respeito e que os 154
anos sirvam para uma reflexão", afirmou ele.
A historiadora Tânia Registro, do Arquivo Público
Municipal, vê a política de
tombamento como fundamental para garantir a existência e a preservação dos
bens históricos em Ribeirão,
e como forma de entender a
cidade em que vivemos hoje.
"É essencial que a gente tenha um prédio de um tempo
que não seja o nosso, que tenha acesso à multiplicidade,
ao diferente", disse ela.
Segundo a historiadora, o
tombamento tem a função
primordial de permitir acesso a diferentes objetos e modos de olhar o mundo. "Para
que conheçamos as influências dos grupos que resultaram no que somos hoje."
Essa função, no entanto,
seria suficiente para levar um
governo municipal a se preocupar de forma mais efetiva
com a questão, fazendo da
preservação de bens históricos uma prioridade? Nas entrelinhas, ela deixa entender
que não.
"Um prefeito atuará quando a sociedade exigir e tiver
isso como prioridade", disse.
"Quanto mais essa discussão
chegar às pessoas, essa preservação existirá, não como
imposição, mas como opção", afirmou.
Para pessoas como o aposentado Benônio Pitta, 79, a
preservação de bens materiais históricos em Ribeirão
Preto é um projeto de vida.
Morador do Campos Elíseos, onde preside a associação de moradores do bairro, e
liderança local do Partido Comunista do Brasil, Pitta é um
dos mais engajados defensores da revitalização da área
da Cianê, antiga fábrica têxtil
da família Matarazzo.
"Não descansarei enquanto não ver aquele lugar sendo
usado, entregue para a população", afirmou.
(PAULO GODOY)
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